“Uma demonstração expectável de democracia era esperar que todos os grupos parlamentares contribuíssem para o debate e não rejeitar que outros trouxessem as suas propostas”, disse Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda  - ideia que foi repetida, sem excepção, em todas as posteriores intervenções. 

Segundo o Público, que aqui citamos, a outra crítica foi “essencialmente do PSD e do CDS, que não se cansaram de apontar o dedo às práticas socialistas de propaganda que passaram, no tempo dos governos de José Sócrates, pela criação de blogues e perfis na Internet que defendiam a acção do Governo e do PS; os dois partidos à direita até citaram o ex-ministro e actual cabeça de lista do PS às europeias como um dos autores desses blogues”. 

“Depois de esgrimirem críticas e argumentos, no final do debate o PSD anunciou que vai chamar ao Parlamento o embaixador  especial para as questões de cibersegurança para saber em que ponto está a protecção nacional  - sobretudo numa altura de vésperas de eleições -  e o CDS prometeu que apresentará não uma simples recomendação (como o PS) mas um projecto de lei para ajudar a combater o fenómeno das notícias falsas.” (...) 

“O deputado socialista José Magalhães, autor do projecto de resolução do PS, passou ao lado da crítica, limitando-se a recusar falar sobre ‘violações do segredo de justiça’, disse que o PSD não quis estudar o assunto das notícias falsas e que nem conhece o plano de acção de Bruxelas.” (...) 

Segundo o Observador, o “deputado escolhido pelo PS para abrir o debate, José Magalhães, acabou por produzir ele próprio um facto falso: disse que a troca de SMS entre o ex-ministro Pedro Marques e António Peixoto que consta da Operação Marquês estava em segredo de justiça. O que é falso.” 

“Por outro lado, José Magalhães disse  — com razão —  que aquilo a que o PSD chama fake news, para Bruxelas não são fake news, nem entram na categoria da ‘desinformação’ que os Estados-membros querem combater.” 

Num extenso ensaio de fact-checking, o Observador  cita os passos do debate ocorrido na AR que apoiam a sua afirmação inicial. A concluir, acrescenta: 

“O deputado do Bloco de Esquerda Luís Monteiro também separou as mentiras dos políticos das fake news:

“O então candidato Pedro Passos Coelho mentiu ao País, sobre o 13º e 14º mês, não foi fake news. Foi um político que mentiu ao País”. 

O deputado do CDS Telmo Correia concordou, dizendo que havia muito a dizer “se puxasse pelo ex-ministro Pedro Marques”, já que o que anunciou “é uma notícia que não é verdadeira, mas não entra neste conceito de fake news. Pedro Marques é, aliás, um cliente recorrente do Polígrafo”. 

Em resumo: 

“A visão de PS, BE e CDS, de que uma mentira de um político não é fake news, pode ser discutida, já que isso excluiria, por exemplo, políticos tantas vezes acusados de as fabricar ou impulsionar no Twitter (como é o caso de Donald Trump). No entanto, o que José Magalhães diz é que esse tipo de declaração está excluído do conceito de desinformação da União Europeia, o que é rigorosamente verdade.”

 

Mais informação no Público  e no Observador