O artigo é didáctico e, bem ao espírito dos tempos, ilustrado com desenhos animados. O Facebook aparece como um carro Fórmula 1, pesadão mas com motores a jacto; o Snapchat é mais pequeno, com feitio de foguete, mas deita fumo por dois tubos de escape vulgares; o Google parece um tanque de brincar, mas tem um canhão de recuo e está sempre aos tiros; o Washington Post é um carro de papel de jornal, do tipo utilitário, chamado a competir com gigantes. 

Diz o parágrafo de entrada:

“O negócio da publicação [neste caso, do jornalismo] foi posto de cabeça para baixo. As empresas noticiosas entregam o seu jornalismo a máquinas como o Facebook, na aposta de que o aumento de tráfego compense a perda de controlo. As audiências tornaram-se volúveis e exigentes, estão sempre a mudar de gostos. Os anunciantes atropelam-se para ganhar vantagem. As novas produtoras de notícias (startups) estão a demolir toda a estrutura da publicação, por vezes com sucesso terrível.” 

Segue-se então a parábola da corrida, e os leitores são convidados a tomar os seus lugares ao volante, para avaliar “os competidores, as tensões e o mundo reordenado que todos agora habitamos”. 

O primeiro é o Facebook, apresentado como a maior de todas as empresas publicadoras. “Cerca de 70% do país está no Facebook, com uns 600 milhões de pessoas recebendo noticiário directamente desta plataforma social”. 

Entre as novas gerações, os chamados millennials têm um consumo de notícias que chega aos 88% de utilizadores regulares, embora, “para muitos deles, o Facebook seja apenas uma forma de partilhar histórias e vídeos com os seus amigos”. 

As receitas da publicidade digital no Facebook duplicaram nos últimos dois anos e já ocupam mais de um terço de todos os anúncios nos dispositivos móveis, “que é exactamente onde estão os consumidores”. 

Na prática, o Facebook está a “criar o seu próprio eco-sistema” e a tornar-se ele próprio uma publicadora, tornando os jornais dependentes do seu tráfego. “Afinal, as notícias são apenas mais uma forma de conteúdos  - um artigo de consumo -  que é parte do produto que o Facebook vende aos seus clientes”. 

O Snapchat, que começou como uma aplicação para mensagens de fotografia e vídeo, que se apagavam em poucos segundos, também evoluíu no sentido de uma plataforma de publicação. Os seus utentes podem agora difundir as suas “reportagens” para todo o mundo na forma de uma colecção de fotos e vídeos durante 24 horas, ou dar acesso a conteúdos noticiosos especificamente designados para o Snapchat. 

No ano passado lançou a sua própria plataforma Discover, “que permite às publicadoras difundir conteúdos novos e exclusivos, como vídeos, artigos e infografias, diariamente”. E estão a chegar as receitas de publicidade. Há 100 milhões de utentes regulares do Snapchat, na sua maioria muito novos, entre os 13 e os 25 anos. 

O Google continua a ser uma das maiores corporações do mundo, mas recolhe o principal das receitas do seu motor de busca, e esse mercado está em convulsão. O uso dos telemóveis cresceu tão depressa que “a média das pessoas passa agora mais tempo neles do que nos computadores de secretária; mais do que isso, uns espantosos 87% do tempo gasto nos telemóveis é nas aplicações, não em pesquisa na rede.” 

“Este caos digital pôs o Google em estado de crise.” A empresa está a tentar responder com as Accelerated Mobile Pages, mas este procedimento não resolve todos os problemas.

Segue-se um capítulo sobre o papel da publicidade, reconhecendo que Google e Facebook (e sobretudo o Google) sobrevivem bem neste território, deixando as dores de cabeça para as redacções e os editores dos jornais. 

Em todo este caos, “são os consumidores de notícias que vão no lugar do condutor; é o seu comportamento sempre em mudança que põe todos os outros actores a correr atrás deles”.

O trabalho dos editores da Columbia Journalism Review arruma por ordem aquilo que define o comportamento dos consumidores, e a lista proposta é:  Velocidade  -  Lealdade  -  Mobilidade. O que não quer dizer, no caso da segunda variante, que os leitores são sempre fiéis: os meios é que têm de os seduzir e conquistar... 

The Washington Post  aparece, no fim, como exemplo dos problemas que se põem ao jornalismo de qualidade. Na prática, os grandes jornais tentam criar as suas próprias ferramentas de edição online e tornar-se menos dependentes. 

Os últimos parágrafos descrevem o Facebook como sendo, ao mesmo tempo, amigo e inimigo do jornalismo tradicional, e recorda as recentes polémicas sobre o poder do algoritmo e a ambição das plataformas para substituírem os editores. “Uma vez que se perca o controlo das decisões da publicação, há muita coisa que pode fugir pela janela.”  

Mas, goste-se ou não, a tecnologia é hoje “a locomotiva da indústria dos Media”. 

O estudo na íntegra, no site da CJR, a que pertence a imagem utilizada, de Julian Frost