Para Martin Baron os “media” atrasaram-se na adaptação ao digital e às novas tecnologias
A digitalização dos “media” tem preocupado muitos jornalistas e empresários de comunicação, que se dizem incapazes de introduzir novos modelos de negócios, além de lamentarem o desaparecimento da publicidade, bem como o decréscimo da circulação impressa.
Por outro lado, alguns profissionais vanguardistas acreditam que está na altura de abandonar o processo de “luto”, abraçando as novas valências da era digital, e apostando no desenvolvimento de conteúdos de qualidade, que possam ser consultados em qualquer dispositivo móvel.
É esse o caso de Martin Baron, jornalista com décadas de experiência profissional, que esteve envolvido em diversas reportagens de investigação galardoadas, além de ter dirigido o “Washington Post” durante quase dez anos.
Em entrevista para os “Cuadernos de Periodistas” -- editados pela APM, com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- Baron afirmou que os “media” estão a atrasados quanto à adaptação dos seus produtos às novas tecnologias e que devem, por isso, começar a actuar fora da sua zona de conforto, para que possam prosperar.
“A Internet é o novo meio. Se não adaptarmos o nosso conteúdo às suas plataformas, alguém vai fazê-lo por nós. Essas publicações terão sucesso e nós ficaremos para trás”, disse. “Podemos não gostar da nova realidade, mas isso não significa que ela vá desaparecer. Temos que trabalhar consoante o mundo actual, ser realistas”.
“Por que não continuar a defender os nossos valores jornalísticos, mas reconhecer que a forma como comunicamos os dados mundou?”, indagou-se. “Temos que garantir que o nosso jornalismo é bom. Não interessa de que forma é difundido. Interessa a sua qualidade”.
Baron reconhece, contudo, que a capacidade de adaptação à nova realidade mediática não é igual para todos os “media”, já que o orçamento varia de redacção para redacção.
Setembro 21
Por isso mesmo, aquele jornalista incentiva as pequenas empresas de “media”, tais como jornais locais, a desenvolverem produtos únicos e a implementarem “paywalls”.
“ A publicidade não vai pagar as contas, porque grande parte desse investimento foi para as plataformas digitais. (...) Temos que pedir aos leitores que paguem pelo nosso trabalho e, em troca, temos que oferecer jornalismo de qualidade. Temos que apresentar algo com valor. Não podemos cobrar por algo que é mau, assim como não podemos deixar de cobrar por algo que é bom”.
Neste sentido, Baron destaca o papel das redes sociais como plataforma de rápida disseminação noticiosa, embora admite que estes “sites” promovem, igualmente, as notícias falsas, que podem ser prejudiciais para a saúde e bem-estar dos cidadãos.
Ainda assim, aquele profissional rejeita a regulamentação das redes sociais e dos “media” por parte do Estado, já que os “políticos aplicariam sanções consoante os seus próprios interesses”.
Por fim, Baron reconheceu que, actualmente, dirigir um jornal é mais desafiante do que nunca, e exige o apoio de uma equipa multidisciplinar, com conhecimentos tecnológicos, e dedicada à criação de produtos inovadores.
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