Para jornalista espanhol veterano publicam-se notícias sem qualquer relevância
Juan Cruz recebeu o Prémio APM de Honor pelo mérito de toda uma vida profissional e pela sua “defesa intransigente do jornalismo, que tem exercido com rigor, paixão e entusiasmo”. A entrevista que citamos foi feita pela própria Asociación de la Prensa de Madrid, com a qual mantemos um acordo de parceria.
Da sua experiência de mais de quatro décadas no El País, onde continua a ser director-adjunto, recorda a importância do “Livro de Estilo” uma novidade na época, que “nos exigia que não disséssemos coisas que não sabíamos”; e do Provedor do Leitor, que podia dizer-nos que “não estavam presentes todos os elementos de uma notícia”.
A respeito das derivas recentes, da chamada “pós-verdade” e das fake news, Juan Cruz sublinha a “dependência absoluta da verdade no jornalismo” e a importância tanto da credibilidade como da autêntica relevância das notícias:
“Actualmente, publicamos notícias que só são notícias porque nós o dizemos, não têm qualquer relevância, não mudam a conduta dos cidadãos. São puras tretas.” (...)
Juan Cruz critica a tendência, sobretudo na televisão mais popular, para fornecer como noticiário uma quantidade de eventos e “acontecimentos” ligeiros ou chocantes.
“Creio que os media, e entre eles os jornais de referência, têm que procurar diminuir a atracção pela atracção. Destacar qualquer coisa que não tem importância, mas que atrai. Ler é uma responsabilidade civil, é o mais importante que o homem inventou. Embora ler só por ler possa criar monstros. Não temos que ler tudo, há coisas que lemos e nos prejudicam. Por isso, nos jornais, temos a obrigação de conduzir a leitura.” (...)
A entrevista na íntegra, na Asociación de la Prensa de Madrid