Papa Francisco: notícias falsas revelam intolerância, arrogância e ódio
Na caracterização deste fenómeno, o Papa Francisco utiliza expressões e categorias bíblicas, afirmando que a estratégia da desinformação segue a “lógica da serpente”, que é a do “pai da mentira” (Ev. João 8, 44), “uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem com argumentações falsas e aliciantes”. Aliás, o título “A verdade vos tornará livres” é outra frase do mesmo Evangelho.
“As fake news tornam-se frequentemente virais, ou seja, propagam-se com grande rapidez e de forma dificilmente controlável, não tanto pela lógica de partilha que carateriza os meios de comunicação social, como sobretudo pelo fascínio que detêm sobre a avidez insaciável que facilmente se acende no ser humano.”
“As próprias motivações económicas e oportunistas da desinformação têm a sua raiz na sede de poder, ter e gozar, que, em última instância, nos torna vítimas de um embuste muito mais trágico do que cada uma das suas manifestações: o embuste do mal, que se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração. Por isso mesmo, educar para a verdade significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem ‘mordendo a isca’ em cada tentação.” (...)
Francisco afirma ainda, mais adiante, que, “para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor. Por isso, a verdade não se alcança autenticamente quando é imposta como algo de extrínseco e impessoal; mas brota de relações livres entre as pessoas, na escuta recíproca. Além disso, não se acaba jamais de procurar a verdade, porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas verdadeiras”. (...)
Na conclusão do seu texto, o Papa faz uma exortação directa aos jornalistas:
“Se a via de saída da difusão da desinformação é a responsabilidade, particularmente envolvido está quem, por profissão, é obrigado a ser responsável ao informar, ou seja, o jornalista, guardião das notícias. No mundo actual, ele não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira e própria missão.”
“No meio do frenesim das notícias e na voragem dos scoop, tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audience, mas as pessoas. Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz.” (...)
Este Dia Mundial das Comunicações Sociais é uma celebração católica estabelecida pelo Concílio Vaticano II em 1963, assinalada no domingo antes do Pentecostes (este ano a 13 de Maio). A divulgação da Mensagem do Papa é publicada por ocasião da festa litúrgica de São Francisco de Sales, considerado o padroeiro dos jornalistas, a 24 de Janeiro.
Mais informação na agência Ecclesia, e o texto completo da Mensagem