Os “robots” automáticos como inimigos do jornalismo
A verificação de factos tornou-se crucial em jornais locais, onde grande parte das notícias são produzidas por “robots” automáticos, com base em comunicados de imprensa e artigos de outros “sites”, gerando o chamado “pink slime”, alertou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Segundo recordou Carlos Castilho, o termo “pink slime” refere-se, originalmente, aos restos de carne moída, que são utilizados para encher produtos industriais, como hambúrgueres ou salsichas. O uso desta pasta é considerado, nos Estados Unidos, como uma tentativa de enganar os consumidores, já que lhes são oferecidos produtos com carne de menor qualidade.
O termo foi, posteriormente, utilizado pela “Columbia Journalism Review”, no âmbito das eleições presidenciais norte-americanas.
Num artigo publicado em Agosto de 2020, o investigador Priyanjana Bengani apontou que existem cada vez mais jornais locais a dependerem de notícias automáticas, geradas por computadores, que resultam numa espécie de enchimento de pouca qualidade, qual “pink slime”.
Aliás, entre 2018 e 2020, o número de “sites” de jornalismo “pink slime” registou um crescimento de 200%.
O mesmo aconteceu no Brasil, que passou de 24 “sites” em 2018, para quase dois mil em 2020.
Carlos Castilho recorda, neste sentido, que a imprensa local é mais susceptível de partilhar este tipo de notícias, já que conta com menos recursos e é, muitas vezes, alvo de pressão de empresas e de governos locais.
O autor recorda, por outro lado, que a verificação de todas as notícias partilhadas é uma missão impossível, devido à velocidade de disseminação através das redes sociais.
Abril 21
Por isso mesmo, Castilho defende que a melhor solução para combater o “pink slime” passa pela promoção de "workshops" de literacia mediática no interior das comunidades.
Baseando-se numa proposta da jornalista Emily Bell -- também ela colaboradora da “Columbia Journalism Review” -- Castilho reitera que os cidadãos deveriam ser educados no âmbito das “fake news”.
Desta forma, os leitores passariam a ter as ferramentas necessárias para identificar artigos de desinformação, e o “pink slime” perderia a sua força e influência.
No Reino Unido, o aparecimento de um novo jornal chamado “The Light” tem gerado acesa controvérsia. A polémica envolta neste novo jornal é agora analisada num artigo publicado no Columbia...
Nas semanas que se seguiram a 7 de outubro, quando o Hamas atacou civis israelitas, e durante os bombardeamentos à Faixa de Gaza que se seguiram, as pessoas nas redes sociais queixaram-se de que as...
Poder-se-ia pensar que a função dos jornalistas é contar o que está a acontecer ou o que aconteceu e não sobre o futuro, mas tal não é verdade. Num artigo publicado nos “Cuadernos de...
Embora se definam apenas como plataformas tecnológicas, as redes sociais influenciam as opiniões pessoais. Os especialistas em comunicação, como Rasmus Kleis Nielsen, autor do artigo News as a...
De acordo com Carlos Castilho, do Observatório de Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém uma parceria, o jornalismo enfrenta, actualmente, dois grandes desafios, nomeadamente,...
Num texto publicado no media-tics, o jornalista Miguel Ormaetxea, reflectiu acerca da receita de publicidade digital dos media, que, em grande parte, fica nas mãos de grandes empresas de tecnologia,...
Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado.
Batista...
O Journalism Competition and Preservation Act (JCPA), um projecto de lei que pretendia “fornecer um 'porto seguro' por tempo limitado para algumas organizações de notícias negociarem...
Algumas organizações criaram um novo guia, Dimensions of Difference, para ajudar os jornalistas a entender os seus preconceitos e a cobrir melhor as diferentes comunidades. Este projecto baseia-se...