Os riscos da tecnologia automatizar o trabalho do jornalista
Algumas destas novidades, como explica o autor, já estão presentes em muitas redacções de jornais e agências de Imprensa. O diário The Washington Post experimentou, em 2016, “modificar os títulos de algumas notícias de acordo com os utentes que visitassem o seu site a cada momento: cada pessoa via-os adaptados aos seus interesses e preocupações mas, sobretudo, ao seu nível de compreensão”.
“O uso destas tecnologias vai permitir a publicação automatizada de peças informativas a uma escala maciça. O relatório fala de até dois mil artigos por segundo (sim, por segundo).”
“A Bloomberg e a Associated Press já utilizam algoritmos de NLG para fazer a cobertura de informação desportiva, a que até agora melhor se presta à automatização. Outros meios, como a ProPublica ou a Urbs Media, utilizam algoritmos para pesquuisar informação pública e encontrar possíveis notícias. Podíamos chamar-lhe ‘jornalismo passivo’: não é preciso sair à procura da notícia, só temos de ficar sentados e deixar que sejam os algoritmos a juntar as pontas e a encontrá-la.”
Ainda segundo o texto que citamos, a referida “geração de linguagem natural” no jornalismo permitirá adaptar os conteúdos para cada utente à própria situação em que faz a leitura:
“Por exemplo, adequando a extensão de uma notícia, se o sistema detecta que ele caminha pela rua, vai num transporte público ou se encontra descansado em casa, numa tarde de domingo. Outra opção seria propor-lhe escutar o artigo, se isso for mais cómodo no momento.” (...)
E o nível de personalização fornecido pelos assistentes virtuais pode permitir aos utentes “exigir que só passem notícias de determinados meios, que leiam só os títulos porque temos pouco tempo, ou que só dêem aos nossos filhos informação que provenha de fontes fiáveis que nós mesmos escolhemos antecipadamente.”
“Falta ver até que ponto este nível de personalização pode ser pervertido uma vez entregue em mãos humanas” - conclui o artigo.
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