O Facebook  - ainda segundo o autor do livro citado -  “é a grande desculpa dos media para justificarem o seu próprio fracasso”:

“Não podemos esquecer que os media foram cúmplices dessa destruição do seu modelo de negócio. Alimentaram e mantiveram essa relação doentia com o Facebook, na qual démos armas ao nosso próprio coveiro.” 

A propósito desta imagem, Diego Salazar diz, no início do livro, que tinha “a estranha sensação de estar a redigir o seu próprio obituário”. (...) 

“Os media, e a Imprensa em geral, vamos muito a reboque do que acontece na indústria tecnológica. Hoje em dia, todo o jornalismo que se faz é feito para a Internet. Há muitos meios que contam com edições impressas, mas mesmo esses textos têm um reflexo no mundo online, de onde vem a maior quantidade de utentes.” (...) 

Uma das suas preocupações explícitas é a dos chamados deepfakes, um território onde há “tecnologia e ferramentas suficientes para produzir vídeos capazes de enganar os olhos mais experientes”. (...) 

“Falemos um pouco do jornalismo político, que é a jóia da coroa do jornalismo, e onde vemos esforços mais grosseiros e com consequências mais graves de manipulação. O que aconteceu na campanha de 2016, nos EUA, vai parecer uma brincadeira de meninos em comparação com o que vamos ver nas campanhas presidenciais dos nossos países e dos próprios EUA nos próximos anos. “ (...) 

Apesar da gravidade destas previsões, Diego Salazar afirma-se optimista e declara que se faz hoje “melhor jornalismo do que nunca”: 

“Não acho que todo o jornalismo que se fazia antes da Internet seja melhor do que o que que se faz hoje em dia. Na verdade, creio o contrário: o jornalismo que hoje fazemos é melhor. O problema não é de qualidade, é um problema de exposição, de espaço e de acesso.” (...) 

Sobre a situação do jornalismo na América Latina, afirma: 

“Acho que não temos uma tradição forte de reflexão e de crítica dos media no nosso idioma. Há uma frase muito boa, citada por Jeff Jarvis  - que não é santo da minha devoção -  de um editor que dizia que o problema do jornalismo actual é que nós, jornalistas, temos de apagar um incêndio numa casa enquanto descobrimos como construir a outra.” 

“Nessa situação, é importante que haja mais gente que se dedique a reflectir e a procurar ver o que é que estamos a fazer bem, o que estamos a fazer mal e como nos adaptamos. E sinto que, lamentavelmente, na nossa língua não há a quantidade de pessoas, e os media não dão espaço aos que estão a reflectir e a procurar pôr luzes no caminho, para não irmos direitos à ribanceira.” (...)

 

O artigo citado, em Media-tics, e a entrevista com Diego Salazar, em PuroPeriodismo