Carlos Wagner não responde imediatamente, afirmando que é preciso deixar “assentar a poeira”, mas adianta dois “contornos” verificados: 

“Dilma, que até à divulgação das denúncias era líder na eleição para senador em Minas Gerais (MG), sua terra natal, não se elegeu. E as notícias da delação foram fortes pedradas na imagem de Lula de que nada sabia dos casos de roubo do governo.” (...) 

A pergunta que se segue é se “o juiz Moro vai retirar o sigilo de novos anexos da delação de Palocci ou tem algum facto novo para tornar público relativo aos processos que tramitam em Curitiba contra Lula”. 

O autor do artigo que citamos afirma que aquilo que Sérgio Moro fez pode ser considerado activismo político, “um assunto que é tabu dentro das reações de grandes jornais, TVs e rádios no Brasil”:

“Ao contrário dos nossos colegas repórteres americanos e europeus, que tratam do assunto com naturalidade, os jornalistas brasileiros têm dificuldades de lidar com pautas que envolvam juízes, procuradores da República, promotores de Justiça e ministros dos tribunais superiores. Na ausência de uma abordagem directa do assunto, nós ficamos vendendo para o nosso leitor a imagem da imparcialidade dos operadores do Direito.” 

Na opinião de Carlos Wagner, esta atitude provém da menor experiência do jornalismo brasileiro em liberdade de Imprensa, “que não tem 40 anos”. 

O próprio juiz Moro “tem falado que se inspirou, na montagem da Lava Jato, nos acertos e nos erros da Operação Mãos Limpas (1992 a 1996) na Itália, que pode ser descrita como uma grande luta contra a corrupção”. (...) 

Mas Carlos Wagner lembra, a terminar, que a operação Mãos Limpas “aconteceu num tempo em que a Internet dava os seus primeiros passos, e a brasileira em plena era das novas tecnologias que colocam informações online na palma da mão das pessoas. E que as redes sociais disputam palmo a palmo a preferência dos nossos leitores com as redacções”. 

“Portanto, a influência da Lava Jato nas eleições pode ter ido muito além do que temos notícia. Um assunto que interessa ao nosso leitor.”

 

O artigo citado, na íntegra, no Observatório da Imprensa