O título do texto que aqui citamos é “Dissecar o Nónio”, e o seu autor reflecte sobre aquilo que o Nónio se propõe ser, “um sistema de registo unificado para os media digitais portugueses”, e o que daí resulta na prática: 

“A ideia é que o perfil de cada utilizador seja partilhado pelos títulos, de forma a poderem direccionar a publicidade e cobrarem mais pela mesma. Esta é a explicação técnica simplificada, mas o que justifica este texto é que o Nónio é um fantástico estudo de caso da comunicação social portuguesa e dos seus consumidores.”  (...) 

A crítica de Diogo Queiroz de Andrade é que “o Nónio nasceu com cinco anos de atraso”; que a sua chegada “foi tão mal gerida que nem ocorreu a ninguém registar o endereço nonio.pt antes de divulgar o projecto, e hoje esse link corresponde ironicamente a uma campanha anti-Nónio”; que “a coisa só faria sentido se todos aderissem, o que não foi conseguido (e é sintomático que os dois órgãos mais notáveis que não aderem sejam o Observador e o ECO, projetos digitais com uma administração moderna e que não arrastam consigo uma subserviência administrativa às direcções comerciais)”; e que o projecto “não foi devidamente testado junto de consumidores”, sendo antes “mal comunicado e mal explicado” aos mesmos. 

Tendo dito isto, acrescenta que, “se algum dia o Nónio desse o passo seguinte a coisa seria mais grave: a plataforma prevê personalizar não só a publicidade mas também os conteúdos, aumentando o risco de exposição selectiva a determinados tipos de notícias (o famoso efeito ‘bolha’ que foi cunhado por Eli Parisier)”. 

E acrescenta também que, em sua opinião, “todos os erros do Nónio são fruto de um ecossistema mediático comprometido em Portugal, de que os consumidores são também grandes responsáveis”, nomeadamente os “treinadores de bancada” cuja lógica, vinda do futebol, se propagou aos “jornalistas das redes sociais”: 

“É uma espécie extraordinária: não paga, não consome e exige que os meios de comunicação sejam cada vez melhores e que se mantenham gratuitos  – pior, exige que exista informação para que toda a sociedade possa ter acesso a informação de qualidade e faça as escolhas certas, mas não quer comprometer empenho ou dinheiro nisso.”  (...)

 

O artigo aqui citado, na íntegra no ECO