Os “media” devem separar “o trigo do joio” para evitar desinformação
Actualmente, as “fake news” são um dos fenómenos mais discutidos no sector dos “media”, já que a era digital veio facilitar a partilha de conteúdos falsos, contribuindo para a criação de uma corrente de desinformação.
Segundo recordou o jornalista Allysson Martins, num artigo publicado no “Observatório da Imprensa” -- associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- a perversão das notícias falsas ganhou popularidade durante a campanha presidencial norte-americana de 2016, que culminou na eleição de Donald Trump. O mesmo aconteceu no Brasil, onde Jair Bolsonaro parece ter replicado o estilo do Presidente americano.
Desde então, reitera Martins, os dois Presidentes procuram diminuir a credibilidade jornalística, ao desqualificar, constantemente, as produções noticiosas e classificando-as como “falsas”.
De acordo com o autor, esta tendência deve ser combatida, já que o jornalismo é uma instituição baseada no primado da verdade, diferenciando-se, assim, dos sectores que operam com a mentira, num processo articulado para a desinformação da sociedade.
Por isso, afirma Allyson Martins, tratar erros jornalísticos como “notícias falsas” é mais do que um equívoco, é uma contribuição para a desinformação do espaço público, já que desvaloriza uma instituição fundamental para a saúde democrática.
Maio 20
É claro que o jornalista é susceptível de cometer erros e de disseminar informações incorretas, mas, ao contrário dos autores de “fake news”, não ilude, deliberadamente, os seus leitores.
Um profissional pode enganar-se por incompetência, ou falta de mecanismos suficientes para perceber o erro, mas, quando percebe que os supostos “factos” são falsos, corrige-se e informa correctamente os leitores.
Em contrapartida, quem se ocupa em veicular informações falsas, tenta redigi-las com uma estrutura próxima da produzida pelo jornalismo.
Por isso, mais do que nunca, impõe-se definir bem a fronteira entre um equívoco e o propósito de enganar.
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