Se isto é verdade no continente sul-americano, onde dez jornalistas foram mortos desde o princípio do ano  - especialmente no México, pelos cartéis da droga -  o relatório chama agora a atenção para a Europa. Os dois casos mais conhecidos são os de Daphne Caruana Galizia, morta por atentado à bomba, em 2017, quando investigava a corrupção no governo de Malta, e o jovem eslovaco Jan Kuciak, morto com a sua companheira em Fevereiro de 2018. Este último preparava-se para publicar revelações sobre a ligação entre a máfia da Calábria, a ‘Ndrangueta, e membros do governo do seu país. 

Convidada a falar do seu caso, a jornalista italiana Marilú Mastrogiovanni, especializada na investigação da organização mafiosa Pavla Corona Unita, descreveu a escalada de ameaças que tem recebido: 

“Primeiro eram telefonemas anónimos, para deixar de fazer investigação. Depois, vieram deixar montes de porcarias diante da porta da redacção. Mais tarde arrombaram-na. Para conseguirem entrar, destruiram uma parede. Roubaram todos os computadores. Finalmente, incendiaram a minha casa e mataram o meu cão à paulada.” 

Ela não é caso único. Em 2017, na Itália, estavam sob medidas de protecção 196 jornalistas  - e uma dezena deles, como Roberto Saviano ou Paolo Borrometi, são escoltados noite e dia. 

Christophe Deloire explicou que que o jornalista italiano Paolo Borrometi, guardado em permanência por cinco polícias, desde que revelou os negócios das “agro-máfias” que “colonizaram a União Europeia”, não podia estar presente devido às dimensões do seu dispositivo de segurança. 

O relatório mostra como as máfias se espalharam pela Europa, nos países dos Balcãs, desde o fim da União Soviética. Mas também como os jornalistas de investigação que tratam de temas sensíveis, como a defesa do ambiente ou a evasão fiscal, são cada vez mais ameaçados pelo crime organizado em todo o mundo. 

Em Março deste ano, na índia, o jornalista Sandeep Sharma, que investigava a “máfia das areias”  - baseada em negócios de extracção em minas ilegais -  foi encontrado morto, esmagado por um camião-basculante.

 

Mais informação em L’Obs e nos RSF,  e o relatório em PDF