Os gigantes da Internet promovem um modelo comercial tóxico
O autor recorda que mesmo os Estados Unidos interditaram, em 1911, o monopólio da Standard Oil, que tinha chegado aos 85% de todas as vendas de gasolina no país. E em 1913 a AT&T foi obrigada a fragmentar-se em várias empresas de menor dimensão. Mas “agora temos situações ainda mais preocupantes do que as que deram lugar ao desmantelamento daqueles conglomerados semi-monopolísticos”.
“Tudo isto coincide num momento em que é cada vez mais evidente a degradação da qualidade informativa e o aumento esmagador das notícias falsas e manipulações da Informação. Não é de estranhar que comece a enraizar-se na opinião pública que estas grandes empresas são demasiado grandes, anti-competitivas, orgulhosas e destrutivas para a democracia.” (...)
Miguel Ormaetxea lembra que a Comissão Europeia acusou a Google de usar a enorme hegemonia do Android, o seu sistema operativo móvel, para dar vantagem às suas próprias aplicações. O Senado dos EUA está a aumentar o seu escrutínio dos gigantes tecnológicos e há activistas, políticos e até executivos de empresas tecnológicas que pedem uma investigação sobre os efeitos viciantes dos smartphones e das redes sociais.
“Google e Facebook desenvolveram um modelo comercial tóxico, dando primazia à quantidade sobre a qualidade informativa. (...) Em última instância, uma parte significativa da população vive numa ‘bolha’ de falsidades. A consequência é um público crescentemente desinformado, propenso a decisões muito perigosas.”
A concluir, diz ainda o mesmo autor:
“O problema é que não é nada fácil regular estes titãs da tecnologia. Consegue-se regular a Amazon, que oferece preços mais baixos e entregas sem concorrência? Se a castigarmos pelo êxito, estamos a enviar uma mensagem contra a inovação a empresários e investidores. Pode dividir-se a Amazon em várias empresas? Pode regular-se a actividade dos que fazem buscas na Google como se fosse um serviço público?”
“Talvez o problema de fundo seja que o capitalismo clássico ainda não tem boas respostas para uma era de mudanças e progresso exponencial. Amazon não é a Standard Oil nem a Google é a AT&T.”
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Por seu lado, e em resposta às recentes alterações introduzidas pelo Facebook no seu portal de fluxo de notícias, propondo-se reduzir o volume de conteúdos noticiosos e dar destaque a meios “de confiança”, Rupert Murdoch afirma que “se o Facebook quer reconhecer editores de confiança, então deveria pagar a esses publishers uma taxa de distribuição semelhante à do modelo adoptado pelas operadoras de cabo”.
“Os publishers estão obviamente a melhorar o valor e integridade do Facebook através das suas notícias e conteúdo, mas não estão a ser adequadamente recompensados por esses serviços”, considera o chairman da News Corp, sublinhando que “os pagamentos de distribuição teriam um impacto reduzido nos lucros do Facebook mas um enorme impacto para futuro dos publishers e jornalistas”. (...)
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