Jornalistas espanhóis e de vários outros países europeus trocaram ideias e experiências vividas nos seus meios de comunicação na fase de passagem para o digital. Há coisas que se vão aprendendo pelo caminho, eventualmente mudando de direcção, como contou Sylvie Van Ginneken, do jornal belga De Standaard, que passou a ter uma edição online em 1997, quando “copiámos todo o jornal para o nosso website”. 

“Nesse momento, a versão online era um serviço pago, só para os assinantes. O problema chegou quando, passado pouco tempo, muitos dos jornais considerados sensacionalistas começaram a oferecer o seu conteúdo de graça na Internet, com maior actualização de notícias para atrair audiência. Nessa altura decidiram mudar de estratégia e começar a oferecer aos assinantes a descarga do jornal na Net, oferecendo aos restantes os conteúdos de forma gratuita: ‘Chegámos a fazer resumos dos nossos artigos pagos para os pôr online de graça  - contou.” 

Depois veio a crise, com a quebra das receitas da publicidade, coincidindo com a entrada em cena de Facebook e Google, bem como a baixa dos assinantes e das vendas por exemplar. 

“A resposta foi construir um plano editorial digital, que incluía voltar a ter conteúdos pagos na Net. Mas estes conteúdos eram análises, entrevistas e reportagens, e não tanto notícias, que o público podia encontrar em qualquer outro meio de forma gratuita. Actualmente, 30% dos conteúdos do De Standaard são pagos.” 

Veio depois a busca de um público mais jovem nas redes sociais, com moderadores para interagirem com ele. Para Sylvie Van Ginneken, um dos maiores desafios actuais é a luta constante pelo equilíbrio entre quantidade e velocidade: “Queremos ser rápidos, mas antes de tudo o mais temos de estar no que é correcto.” 

Por seu lado, Eric Carlsson, o director de redes sociais do jornal sueco Aftonbladet, focou a questão de como, na sua empresa, se começou a fazer a análise dos resultados das audiências digitais para tomar decisões conformes aos mesmos.

A estratégia seguida foi a de utilizar essas redes como “canais de marketing para construir a relação com os leitores, bem como para obter informação que ajude a criar novos produtos”. 

Uma das participantes espanhola na jornada foi Irene Gómez Peña, do departamento de desenvolvimento da audiência do Grupo Henneo, para quem o grande desafio dos media é conhecer em que direcção vai a evolução dos hábitos de consumo.

“Embora considere que o jornal impresso ainda está vivo, acredita que está a desaparecer. Gómez Peña acrescentou que este sector tem um modelo de negócio difícil, em que é preciso encontrar um valor acrescentado para oferecer à audiência.” (...) 

Pablo Caño Sterck, director de El Independiente, centrou-se não tanto na questão de saber “se os leitores estão dispostos a pagar pelas notícias, mas antes na necessidade de criar conteúdos pelos quais estejam dispostos a pagar”. 

E a jornalista Sonia Got, directora de redes sociais da Mediaset España, destacou a importância de distinguir entre clics e envolvimento, “sublinhando que se trata de métricas diferentes”. No caso de Mediaset, o mais ‘clicado’ são os conteúdos designados como realities e, no entanto, o que envolve mais compromisso são mesmo as informações. 

Este encontro serviu ainda para apresentar o Índice de Meios Sociais, SoMe España, “uma classificação online baseada no comportamento real dos utentes”. Esta ferramenta pretende “ajudar a compreender o consumo dos media”, bem como contribuir para o desenvolvimento de conteúdos e a identificação de audiências para anunciantes e vendedores. O SoMe Index faz o seguimento dos principais meios de comunicação na Espanha, França, Holanda, Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia.

 

O artigo citado, na íntegra, na APM