Sucede que Guterres defendeu, numa mensagem difuncida a 2 de Novembro, que "quando os jornalistas são visados, as sociedades como um todo pagam um preço", lembrando que   "sem a capacidade de proteger os jornalistas, a nossa capacidade de permanecer informados e contribuir para a tomada de decisões é gravemente prejudicada”.

 

Contudo, o porta-voz do Secretário Geral referiu que a ideia de Callamard foi apresentada à Assembleia Geral do Conselho dos Direitos Humanos e não a António Guterres, e que a responsabilidade das investigações cabe aos respectivos governos nacionais, não à ONU.

 

“Uma ‘investigação criminal’, como proposto pela relatora especial no seu relatório, ocorre durante a fase de investigação de um processo de justiça criminal. A principal autoridade e responsabilidade para conduzir investigações criminais cabe aos Estados, que têm jurisdição, através das ferramentas e instituições legais apropriadas, para iniciar e conduzir investigações, bem como para julgar casos, conforme apropriado.”

 

A ideia de nomear um representante especial para a segurança dos jornalistas, defendida pelos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) desde 2015, foi considerada "uma proposta interessante", contudo "de momento, não há planos para a concretizar”.

 

Christophe Deloire, director executivo da RSF, elogiou Guterres por alguns passos que deu desde que assumiu o cargo, em 2017, mas considerou que "isso não é suficiente", tal como provam as estatísticas.

 

De relembrar, que Guterres nomeou um diplomata para trabalhar a questão da segurança dos jornalistas.

 

Callamard falou à EYE, referindo que “a responsabilidade de combater eficazmente a impunidade por crimes contra jornalistas é negada, rejeitada ou transmitida a outros. Claro que é evidente que a ONU e o UNSG, em particular, têm um papel fundamental a desempenhar na resposta a este padrão global, esta vergonha global - como fazem para todos os desafios à paz e à segurança, e para todas as ameaças à Carta das Nações Unidas e aos valores da ONU. A impunidade não é uma fatalidade ou uma maldição. É feita pelo homem. É produzida pelos nossos sistemas políticos. E não pode ser combatida apenas com palavras”.

 

A relatora especial da ONU revelou, ainda, ter feito uma proposta para “combater a impunidade dos crimes contra jornalistas. Isto inclui um mecanismo de investigação sobre os assassinatos selectivos. É tempo de a ONU e o UNSG agirem, o que exige inovação, força e determinação.”

 

Mais informação em eyeonglobaltransparency.net.