Onde um jornalista veterano aconselha despedidos e principiantes
O autor recorda como as novas tecnologias “baratearam o custo do anúncio e aumentaram a sua eficiência”:
“Atrás do êxodo dos anunciantes, seguiram os leitores e em consequência houve uma brutal queda no número de assinantes. Eu já trabalhei em circulação de jornal e sei que a queda no número de assinantes é uma tragédia para as finanças da empresa.”
“No Brasil e no mundo, não existe previsão de que a rentabilidade das empresas de comunicação volte aos patamares de antigamente. E no Brasil ainda tem mais um factor: há uma lei que ainda não foi regulamentada, que proíbe um mesmo dono ter diversos meios de comunicação, tipo jornal, rádios e TVs. Isso significa que uma ‘canetada’ pode desmontar um grupo de comunicação.” (...)
Mesmo assim, há empresários a investir na comunicação social - segundo Carlos Wagner, “por um único motivo: poder”.
“A história mostra que, nos quatro cantos do mundo, os donos de jornais sempre tiveram poder nas mãos. No Brasil, uma leitura na biografia dos fundadores dos grandes jornais mostra que eles eram homens respeitados e até temidos pelos governantes. E que, com o tempo, diversificaram o seu ramo de negócios. Muitos deles, mesmo tendo outros negócios mais rentáveis, permaneceram com os seus jornais.” (...)
Aos jornalistas despedidos, ou em princípio de carreira, o autor aconselha que não fiquem “vivendo das glórias passadas”, mas tentem várias plataformas para se manterem no mercado, sempre começando por uma redacção de jornal:
“Tenho dito para os jovens repórteres que não existe escola melhor do que trabalhar em uma redacção de jornal. É ali que o bafo na nuca ensina a pensar rápido, apurar as informações a jacto e redigir correndo. Mas é necessário não se deixar embriagar pela correria da redacção.”
“Hoje, mais do que nunca, o repórter tem de pensar no seu futuro. E a história ensina que é fundamental publicar livros, vídeos e programadas de rádio para fixar a nossa imagem. No meu tempo de redacção (1979 a 2014), publicar um livro era um capricho pessoal do repórter. Hoje, é fundamental por ser uma ferramenta importante para o jornalista ter a sua marca própria.” (...)
O artigo aqui citado, na íntegra no Observatório da Imprensa, com o qual mantemos um acordo de parceria.