Onde se duvida da possibilidade de eliminar notícias falsas
Um relatório do Center for Countering Digital Hate, publicado em meados de Julho, concluiu que a maioria da desinformação sobre a vacinação contra a covid-19 tem origem em apenas 12 personalidades “online”, que contam com um total de 59 milhões de seguidores nas redes sociais, e que contribuem para diminuição do ritmo da inoculação nos Estados Unidos.
Quando confrontado com este cenário, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propôs uma solução, aparentemente, fácil e eficaz: impôr às redes sociais que eliminassem as contas identificadas, como forma de conter a circulação de “teorias da conspiração”, e proteger a saúde de todos os cidadãos.
Contudo, segundo apontou Mathew Ingram num texto publicado na “Columbia Journalism Review”, embora bem intencionada, a proposta de Biden é demasiado simplista para resolver algo tão complexo como a desinformação sobre a covid-19.
Ingram recordou, neste âmbito, que as redes sociais não são as únicas responsáveis pela partilha de “fake news”, já que alguns “media”, e até mesmo membros do Congresso dos EUA, começaram a partilhar informações falsas e conspiratórias sobre as vacinas contra a covid-19.
Além disso, apontou o autor, o Facebook não controla os conteúdos publicados, podendo, apenas, eliminar aqueles que foram considerados “falsos”, ou prejudiciais para a saúde pública.
Neste âmbito, surge, ainda, outro problema: as informações que foram, em primeira instância, consideradas falsas pela generalidade da comunidade científica, começam, agora, a levantar algumas questões.
A título de exemplo, em Março de 2020, havia um consenso quase geral sobre a impossibilidade de o novo coronavírus ter sido fabricado num laboratório. Contudo, neste momento, esta e outras hipóteses estão a ser equacionadas.
Julho 21
Com isto, a eliminação de notícias falsas passou a ser uma missão quase impossível para as empresas tecnológicas, já que nem a própria comunidade científica chegou a conclusões irrefutáveis.
Perante este contexto, Ingram pede a Biden e aos seus conselheiros que reavaliem as críticas apontadas às redes sociais, já que acabar com a desinformação nestas plataformas deixou de ser considerada uma tarefa fácil.
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