Os dois textos recentemente publicados por este site são, em primeiro lugar, um apelo com o título singelo que diz tudo em poucas palavras  -  “O Observatório da Imprensa pede socorro”. Aí se descreve como “o mundo e o Brasil passam por uma grave crise financeira e o Observatório da Imprensa não é imune a isto. Chegamos até aqui, mas nosso trabalho junto ao leitor está ameaçado de desaparecer”. 

Segue-se a explicação dos termos da campanha de crowdfunding dirigida aos leitores que se sintam interpelados pelo problema e a indicação do endereço electrónico onde podem fazer a sua doação.

Há depois um texto de fundo do editor do site, Carlos Castilho, que propõe “um novo pacto entre o Observatório e os seus leitores”. 

Como afirma no seu primeiro parágrafo, “precisamos de sua colaboração financeira porque a conjuntura económica mundial e nacional já não garantem a nossa sobrevivência segundo o modelo tradicional baseado em grandes doações, publicidade e projectos financiados. Nós precisamos de você da mesma forma que você precisa de nós para conseguir sobreviver na selva informativa em que estamos imersos”. 

É penoso que o Observatório da Imprensa, que tanto material tem recolhido e divulgado sobre a crise de sobrevivência que está a dizimar a Imprensa tradicional um pouco por todo o mundo, nesta hora tenha de fazer o mesmo diagnóstico ao seu próprio caso: 

“Até bem pouco tempo atrás, os jornais lucravam usando a preocupação do público em saber o que estava acontecendo para vender publicidade às empresas e órgãos públicos. Quase 80% da receita de um jornal vinha de anúncios, mas este atraente negócio entrou em colapso quando surgiu a Internet, que gerou uma migração dos anunciantes para o ambiente virtual, ao mesmo tempo em que o público passou a trocar a Imprensa paga pelo noticiário grátis online.” 

Com a agravante de que, “ao contrário das empresas comerciais de jornalismo, nós não temos património para tentar preservar, apenas uma história”:

“Esta situação torna a continuidade do nosso projecto ao mesmo tempo mais fácil e mais difícil, dependendo da forma como vemos a situação. Mais fácil porque as duas décadas de observação crítica dos media nos forneceram elementos para entender mais rápida e profundamente a natureza das transformações em curso no exercício do jornalismo, sem o peso da preocupação em preservar patrimónios e posições políticas. Mas ao mesmo tempo muito mais difícil, porque o facto de não ter acumulado bens ou investimentos nos colocou numa posição de extrema vulnerabilidade financeira no contexto da sucessão de terremotos económicos que afectam actualmente o conjunto da sociedade brasileira e mundial.” 

E no final do seu texto de análise, para que remetemos os leitores, Carlos Castilho expõe claramente os termos do “novo pacto” que deixa à consciência da comunidade dos “observadores”:

“Ao decidirmos suspender temporariamente a actualização do nosso site, pretendemos mostrar aos nossos leitores e aos eventuais doadores a gravidade do nosso dilema financeiro e deixar claro que não estamos jogando a toalha, mas sim mostrando que a saída deste impasse económico somente acontecerá se houver um esforço conjunto de leitores, doadores e a equipe do Observatório.” 

O apelo do Observatório da Imprensa do Brasil, que contém o link para o texto de Carlos Castilho.