O sistema mediático como âncora do processo democrático
Corria o ano de 1998 quando o jornalista brasileiro Alberto Dines reiterou, num artigo publicado no “Folha de S. Paulo”, que o modelo do jornalismo estava esgotado.
“Profissionais imaginam-se livres, empresas jornalísticas fingem imparcialidade. Arrogância, omnipotência e, às vezes, perversidade escondem-se atrás de um pretenso senso de justiça, que não resiste a qualquer avaliação mais profunda.” escreveu, à época, Dines, entretanto falecido.
Ora, de acordo com um artigo de Boanerges Lopes, publicado no “Observatório da Imprensa” -- associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- por mais paradoxal que pareça, perante as inovações que impulsionam a área, a reflexão de Dines continua a ser actual.
Isto porque ainda não foi possível identificar qualquer mudança significativa no contexto.
Dines escrevia, naquela ocasião, que o sistema mediático, viga mestra do processo democrático, se tinha convertido num pêndulo de clonagem e canibalismo, baseado na cópia e no plágio. Enfatizava, também, que a concorrência não primava pela pluralidade, diversidade ou qualidade, mas pela sua anulação.
Julho 20
Portanto, no entendimento do jornalista, impunha-se um simulacro de justiça — sem ritos, prazos, normas.
O autor, Boanerges Lopes, considera, porém, que há futuro e esperança para a reinvenção do jornalismo.
Segundo alguns especialistas, contactados pelo autor, para que a profissão prospere, é necessário que o diálogo volte a ser o protagonista.
É, da mesma forma, imprescindível pensar, agregar, ter a capacidade de reflectir, se possível na companhia de outros.
É, também, necessário que a nova geração de jornalistas se mova pela procura, incessante, do conhecimento. Profissionais que perpassem a teoria e a prática, expressando vozes colectivas.
“Assim, talvez consigamos descobrir que podemos ultrapassar as tais excepções apontadas por Dines, aqueles parcos amigos competentes, e acreditar nas distinções, bem como combater as generalizações e o nivelamento por baixo. Ou seja, considerar como o grande desafio, a indagação efectiva pelo exercício de um jornalismo humanista”, concluiu Lopes.
Leia o artigo original em “Observatório da Imprensa”
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