O rigor científico da informação no combate às “fake news”
As redes sociais, que foram criadas após o “surgimento da comunicação por meio da rede mundial de computadores”, permitem aos utilizadores que partilhem as suas ideias e pensamentos em comunidade, sendo, por isso, actualmente, “a principal fonte de informação de grande parte da população”.
Estas características tornam as redes sociais o candidato ideal à disseminação da desinformação e das fake news, que “sem método, análise e verificação, nascem a partir de um conjunto de crenças e afirmações (…) sem nenhuma base científica e ganham espaço por meio de porta-vozes de diversas áreas”.
A função central que as redes sociais ocupam no fornecimento de notícias deve-se, em parte, à quebra que existe nos media tradicionais, como os jornais impressos e a televisão, que já não prendem a atenção do público.
Note-se que alguns media, como os podcasts e as plataformas de streaming de música e vídeo, têm, ainda, uma grande afluência de utilizadores, pelo que, se transmitirem conteúdo informativo, podem auxiliar no combate à desinformação e às fake news.
Eduardo Barboza, colaborador do Observatório da Imprensa, com o qual o CPI tem parceria, admitiu que a desinformação causa o mesmo sentimento sublime que se experimenta perante a divulgação científica, sendo, por isso, essencial a “manutenção de uma rede empenhada no combate de dados falsos”.
Acrescentou, também, que nesta batalha entre a desinformação e a ciência foi possível observar, mais recentemente, durante a pandemia, o cruzamento de notícias falsas com factos cientificamente comprovados.
É, assim, necessária a difusão da produção científica que se encontra em revistas especializadas, uma vez que estas são “fontes qualificadas de informação sobre diversos temas, descobertas e avanços da ciência”.
De acordo com Barboza, um dos desafios epistemológicos é incentivar o diálogo entre as áreas de conhecimento, promovendo um saber transversal e interdisciplinar.
Por exemplo, apesar de uma das universidades do Brasil estar entre as 12 maiores produtoras de conhecimento no mundo, o país responde, apenas, por 3% de toda produção científica mundial.
Novembro 22
O autor demonstrou que existe uma inclinação para a informação científica ser mais procurada nos media tradicionais, uma vez que a sua publicação nas redes sociais é ignorada ou difícil de compreender por todo o tipo de público.
Barboza concluiu que uma solução seria “investir na comunicação científica especializada e deixar os textos académicos mais reservados sem perder a essência da pesquisa divulgada”, assim como “romper as bolhas académicas”, uma vez que é habitual “as pesquisas ficarem restritas aos laboratórios, centros de estudos e grupos de pesquisa dentro das universidades”.
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