O que vai mudar no jornalismo em função das redes sociais
Na introdução do texto - que pode ser consultado livremente, em PDF - são elencadas oito previsões específicas:
- – As investigações sobre desinformação e o papel desempenhado pelas plataformas vão intensificar-se, mas conduzir a pouca acção concreta em muitos países, para além de novas regras na publicidade de campanha eleitoral [election-based advertising, no original].
- – Facebook ou Google vão ser, este ano, regularmente acusados de censura, sempre que removam conteúdos como medida de protecção, por lhes parecer que ficam expostos a multas.
- – As iniciativas de fact-checking, literacia para as notícias e transparência, não conseguirão deter a vaga de desinformação e quebra de confiança.
- – Os publishers vão levar os utentes a identificar-se para acesso aos websites e aplicações - bem como investir pesadamente nos dados - para ajudar a fornecer conteúdos mais personalizados.
- – Entre os media tradicionais, vamos assistir ao crescimento do fosso entre as grandes marcas, bem sucedidas na transição digital, e o resto (que se debatem).
- – Mais publishers vão mudar para as assinaturas (ou outras formas de receita vinda dos leitores) à medida que a publicidade digital perde importância.
- – Um certo número de publishers vai abandonar o vídeo (… e voltar ao texto).
- – Nas redes sociais, vamos assistir a mais mudanças para as plataformas de mensagens e interfaces de conversação.
Concretamente na tecnologia, são apresentadas cinco:
- – Os assistentes de voz emergem como o próximo grande elemento de transformação, com a Amazon reforçando a sua presença nas habitações.
- – Os telemóveis com funções de Realidade Aumentada vão começar a abrir as possibilidades de narrativa imersiva e em 3D.
- – Este ano vamos “teclar” menos nos nossos telemóveis, à medida que cresce a importância da busca visual.
- – Os novos utensílios “inteligentes” vão chegar aos “fones” auditivos com capacidade de tradução instantânea e óculos que falam (e ouvem).
- – A China e a Índia vão tornar-se grandes focos de crescimento digital, com inovações na área do pagamento, identidade online e inteligência artificial.
Chegado às conclusões, o Relatório anuncia “um futuro incerto”:
“Não parece que a revolução tecnológica esteja a abrandar. Parece antes que estamos a começar uma nova fase de ruptura. A era da inteligência artificial vai trazer novas oportunidades para a criatividade e para a eficiência - mas também para maior desinformação e manipulação.”
“Nos anos que aí vêm, já não estaremos só a perguntar o que é verdade, mas se a informação ainda está a ser gerada por seres humanos. Os bots e outros agentes ‘inteligentes’ vão desempenhar um papel crescente nas nossas vidas. Haverá notícias escritas por máquinas, programas de televisão serão compostos e escolhidos com base nos nossos gostos pessoais, os carros vão conduzir-se a si próprios. Vamos apreciar a comodidade e a escolha, mas vamos também preocupar-nos sobre se podemos manter o controlo. Vamos preocupar-nos cada vez mais a respeito de quem programa os algoritmos.” (…)
“Com a tecnologia e o seu impacto agora tornados globais, quem vai poder falar pelos cidadãos e fazer os necessários equilíbrios entre conveniência e privacidade, entre o discurso livre e o discurso de ódio?” (…)
“No próximo ano vamos ver o aumento destas pressões e desconexões, à medida que as poderosas (principalmente americanas) empresas tecnológicas comerciais desempenham um papel cada vez maior nas nossas vidas e os governos procuram exercer alguma forma de controlo. Se as plataformas vão conseguir escapar à regulação, vai depender, em certa medida, dos acontecimentos e de saber se o público vai continuar a sentir-se feliz com os serviços que elas fornecem.” (…)
O Relatório, na íntegra, no Reuters Institute