O que sabemos sobre aquilo que a Net sabe de nós

Engenheiro, especializado em computação electrónica e processamento de dados, considerado figura chave da equipa que estabeleceu a primeira conexão de Internet no Brasil, primeiro brasileiro membro do Hall da Fama da Internet e director-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, Demi Getschko sabe do que fala.
Neste artigo, intitulado “Te conheço”, fala daquilo que sabemos sobre o que a Net sabe de nós. E parece que ela já sabe demais:
“O que a rede já sabe de cada um surpreende e, às vezes, ultrapassa até o que imaginamos saber sobre nós mesmos.” (...)
Na prática, habituámo-nos “a que não haja mais segredos sobre onde estamos, o que compramos e buscamos, de que discussões tomamos parte. (...) Mas o que nos reservam as ferramentas de análise com inteligência artificial (IA) é complexo e preocupante: elas assumem ‘tirar conclusões’ a partir do mar de dados que há na rede.”
Seguindo este caminho, Demi Getschko reflecte sobre os “assistentes pessoais electrónicos dotados de IA”, que interagem connosco e tentam ser “nossos amigos”, mas vai mais longe:
“Há avanços ainda mais perturbadores: algoritmos que, examinando o conteúdo de nossas intervenções em fóruns e redes sociais, buscam analisar nosso estado de humor, nossa predisposição a polemizar, nosso estado de saúde ou, até, detectar uma eventual tendência a mudar de emprego ou trocar de relacionamento.”
“Pode ser que a rede conclua que eu esteja deprimido sem que eu o saiba. Meu ‘assistente pessoal’, detectando essas indicações, avisará meu médico que estou provavelmente ‘deprimido’. Ou, pior, avisará meu chefe que, a partir do que ando escrevendo nas redes, parece claro que pretendo trocar de emprego.”
O texto original, na íntegra, e vários outros do mesmo autor