O jornalismo tem vindo a assumir-se enquanto “mercado de ideias” preenchido por uma diversidade de valores que, mediados pelos jornalistas, deveriam representar a diversidade de vozes da sociedade.
Assim, teoricamente, o “mercado de ideias” abrigaria todo e qualquer tipo de comportamento, até aqueles que atentam contra democracia e negam a ciência, reiterou Dairan Paul num artigo publicado na revista “objETHOS” e reproduzido no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Ora, este tipo de jornalismo é considerado “ético”, mas falha no pressuposto de que o conteúdo noticioso deve ser, acima de tudo, informativo e factual.
Isto porque, quando a imprensa dá voz a todas as perspectivas, falha na sua contextualização histórica, social e política.
Maio 20
Assim, a imprensa, embora tente primar pela pluralidade de perspectivas, acaba por facilitar o protagonismo de certos personagens sociais, que procuram impor e institucionalizar a subjectividade dos seus pontos de vista.
Para Paul, esta posição editorial acaba por seguir as directivas do neoliberalismo mercantil, já que o jornalismo passou a ter espaço para qualquer posição ideológica, por muito facciosa que seja.
A premissa pode ser democrática, mas surte o efeito oposto.
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