A crise económica e a nova actualidade política têm vindo a gerar um clima cada vez mais adverso em relação à imprensa. Entre Junho de 2018 a Agosto de 2019, o presidente italiano, Sergio Mattarella, interveio doze vezes para defender e reforçar o artigo 21 da Constituição italiana – que garante o direito à liberdade de expressão e liberdade de imprensa –, em resposta aos ataques do governo contra a liberdade de imprensa.

 

O Movimento 5 Estrelas e a Liga utilizaram as redes sociais para comunicar com os eleitores, procurando desacreditar a fiabilidade do jornalismo. Tanto Matteo Salvini como Luigi Di Maio, usaram aquelas redes para propagar as suas mensagens politicas, conseguindo assim evitar as perguntas dos jornalistas. Esta alteração de paradigma conduziu a uma mudança da dinâmica entre jornalistas e políticos.

 

Giulia Shaughnessy refere no artigo que os próprios meios de comunicação italianos “passam cada vez mais tempo a correr atrás de declarações extremistas ou absurdas dos políticos, em vez de cobrirem temas de maior interesse público”.

 

Na última década, também os apoios directos e indirectos, através de financiamentos destinados a organizações noticiosas, diminuiu o valor, que desceu de 170 milhões de euros em 2007 para 62 milhões de euros em 2017.

 

Os cortes anunciados pela anterior coligação iriam afectar ainda mais as organizações locais e paralisar a indústria jornalística. A lei de orçamentos de 2019 prevê uma redução gradual do dinheiro público atribuído aos media nos próximos três anos, com o objectivo de eliminar totalmente esse financiamento até 2022.

 

Entre as maiores dificuldades enfrentadas pelos jornalistas, destacam-se os processos de difamação, que os obrigam a gastar muito tempo e dinheiro para se defenderem.

 

A difamação é uma infracção penal em Itália, pelo que os jornalistas podem enfrentar penas até seis anos de prisão ou ficarem sujeitos ao pagamento de indeminizações avultadas. Este tipo de condicionamento, provoca, amiúde, autocensura, devido à falta de possibilidades de contestar e combater estes processos.

 

Às ameaças legais, juntam-se ainda os ataques físicos. A violência parece ser legitimada pela clara hostilidade demonstrada por parte do Movimento 5 Estrelas e da Liga em relação aos jornalistas.

 

Existem profissionais que têm necessitado de protecção, pois são alvo de tentativas de silenciamento. "Tornou-se um costume para os políticos intimidar e ameaçar qualquer jornalista que faça reportagens sobre certos temas, como imigração, homossexualidade e diversidade em geral", disse Roberto Giulietti, presidente da Federação de Jornalistas italianos.

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