É esse preconceito, frequente nas editorias dos jornais, que contesta Rosa Meneses  -  que recebeu, ex-aequo com Alberto Rojas, ambos correspondentes de El Mundo, o Premio Periodismo de Derechos Humanos 2016, pela sua cobertura dos refugiados que fogem da Síria e do Iraque. A situação continua a ser notícia mesmo depois dos bombardeamentos. “Em 2006  - como conta -  fui enviada para o Líbano e consegui relatar os efeitos da guerra entre os civis, como se sentem quando perdem familiares ou bombardeiam as suas casas.” (...) 

“O nosso trabalho é transmitir o sofrimento das vítimas e denunciar situações de injustiça extrema, e estas não terminam com o cessar-fogo”  -  diz também Ana Alba, freelance e ex-subchefe da secção de Internacional do diário Avui, de Barcelona. Ou Almudena Ariza, que fez reportagem das guerras do Afeganistão e do Iraque para a TVE, quando conta que “ficamos sempre com pena dos que ficam, e das coisas que deixamos para trás”. 

Rosa Maria Calaf, uma das pioneiras neste tipo de cobertura (hoje com 70 anos), diz que “agora vai-se mais depressa, tudo é mais imediato e menos profundo: procura-se o que tem impacto, acima do que tem importância, principalmente na televisão e na Internet, que nos oferece quarenta informações sem ter a certeza de saber se são autênticas ou tóxicas”. 

Segundo outra veterana famosa, Maruja Torres, “tive de viver cinco anos no Líbano até poder compreendê-lo, e só o consegui vinte anos depois da primeira vez em que lá fui”. (...) 

O artigo que citamos, de Ana del Paso, explica que, por motivo da perigosidade dos locais, que encarece os prémios dos seguros, cada vez mais os media, “além de encurtarem a permanência dos seus jornalistas no terreno, enviam menos efectivos para fazer a cobertura de conflitos armados e compram, a preços humilhantes, peças informativas dos freelances”. 

Mas Mayte Carrasco, que trabalha precisamente como freelance, afirma que “a nossa vantagem é que temos mais tempo para ficar na área de interesse jornalístico, e isto correu-me bem, por exemplo, quando em 2013, depois de um mês de espera, pude chegar a uma zona do Mali que estava em guerra; o mesmo me sucedeu em Homs, na Síria, e vou agora tentar em Mossul, no Iraque”.