Quando fala em contar histórias, o autor deste texto não está a fazê-lo de modo ligeiro. Recordando as grandes revoluções tecnológicas que nos trouxeram até ao jornalismo digital, Martínez-Fresneda evoca a frustração que devem ter sentido os monges copistas do séc.XV, quando chegou a impressora de Gutenberg: 

“Os novos monges copistas são os jornalistas, que vêem como deixaram de ser um dos principais protagonistas deste processo de comunicação. Crêem que perderam poder de intermediação, que perderam o seu papel.” 

“Diante disto é preciso abrir novos caminhos e procurar um novo discurso, que situem o jornalista no seu justo papel, que recupere o seu protagonismo e volte a ser o garante da informação e o guardião e vigilante do poder político.” 

Chegados aqui, o domínio das novas tecnologías é importante e indispensável, mas também insuficiente. O esencial, lembra o autor, está do lado da ética profissional e da responsabilidade social: 

“Esta responsabilidade responde ao princípio da justiça informativa: dar a informação que eticamente se deve oferecer à sua audiência. A informação nasce no público, é dele e a ele deve voltar. E o jornalista, pela sua actuação, deve contribuir para melhorar a sociedade.” 

Martínez-Fresneda cita e declara a sua adesão a uma frase do jornalista John Muller:

“Aquilo que a cultura print deve trazer à cultura online são os valores que sempre caracterizaram o jornalismo: o rigor, a obsessão pela busca da verdade, e não acreditar que as coisas são sempre como no-las contam.”

 

O artigo de Humberto Martínez-Fresneda