“A praga das fake news  - que foi a buzzword de 2017 – continua perturbadora, mas estão a acender-se fogueiras por baixo das plataformas tecnológicas como Google e o Facebook, por agentes políticos e consumidores zangados, e esta ameaça até pode diminuir nos próximos meses, dado que alguma investigação recente sugere que o problema foi exagerado e as pessoas nem sempre são tão estúpidas como julgamos.”  (...) 

Dito isto, Aidan White interroga-se sobre o verdadeiro impacto da inteligência artificial na profissão e, sobretudo, se as redacções estão dotadas de jornalistas com conhecimentos tecnológicos adequados à “cada vez mais complexa Rede das comunicações modernas”. (...) 

Conforme conta, o Facebook “passou uma grande parte do ano findo a ampliar o número das pessoas que emprega como moderadores de conteúdos em todo o mundo”, o que é “uma franca admissão de que os algoritmos, por si sós, não podem lidar com os desafios éticos do mau procedimento online”. 

Pelo final do ano, a empresa tinha mais de oito mil pessoas tentando cumprir “a tarefa impossível de monitorizar material potencialmente abusivo sendo carregado por alguns dos seus dois mil milhões de assinantes”. (...) 

“Cada vez mais os media reconhecem que para sobreviver no jornalismo de hoje as pessoas precisam de saber bem como navegar no meio da complexa linguagem e arquitectura das comunicações digitais. Os jornalistas precisam de ser melhor informados e tecnicamente competentes. O desenvolvimento de algoritmos, a ‘cartografia’ da paisagem digital e o seguimento das ‘pistas’ electrónicas são uma parte essencial da redacção nesta nova era do jornalismo.” (...) 

“As empresas tecnológicas mostram-se relutantes em regular-se a si próprias, e no entanto são frequentemente as organizações mais bem colocadas para compreender os potenciais perigos da tecnologia e fazer alguma coisa para os deter. Mas têm sido lentas a reagir à crítica crescente, e fica a questão de saber se estão à altura do desafio.” (...) 

“Entretanto, os jornalistas têm cada vez mais oportunidades de mostrar de que modo pode a tecnologia ser usada para contar histórias de formas mais pormenorizadas, rigorosas e éticas. Para fazer isso com eficácia é preciso melhorar as competências técnicas nas redacções. Acaba de ser publicado um guia proveitoso, com indicações úteis para começar.” 

Este guia, de acesso livre, pode ajudar os jornalistas e investigadores a investigarem informação online errónea e falsa. Descreve como descobrir os trolls; como compreender melhor de que modo as notícias ‘virais’ ou falsas circulam na Rede; e como seguir a pista do dinheiro que sustenta a exploração comercial do conteúdo abusivo.” (...) 

“Não devemos sentir-nos intimidados pela ameaça das fake news, ou da ganância e baixo desempenho dos gigantes da tecnologia. A robótica e os computadores têm o seu lugar, mas é o poder do jornalismo feito com ética, e dirigido pela humanidade, os seus valores e emoções, que ainda é mais importante.”

 

O texto de Aidan White, na íntegra, na Ethical Journalism Network