O jornalismo “pink slime” e os “desertos de notícias” que afectam comunidades americanas
A desinformação é um dos maiores desafios dos media e do jornalismo, uma vez que existem meios de comunicação que passam por ser jornais, mas que publicam notícias de baixa qualidade e infundamentadas.
Este fenómeno designa-se de jornalismo “pink slime”, tendo sido utilizado nas eleições intercalares de Illinois, como referimos noutra peça deste site, estando a alastrar nos Estados Unidos.
Este tipo de jornalismo é, actualmente, um dos maiores obstáculos ao contracto de confiança dos leitores com os media, já que se torna cada vez mais difícil distinguir os meios de comunicação legítimos dos não legítimos.
Estes media assumem não só a aparência de um jornal, mas criam, igualmente, páginas nas redes sociais, como no Facebook e Twitter, onde “amplificam as falsas alegações, preenchendo a lacuna de informações confiáveis com websites que, muitas vezes, caminham sobre uma linha ténue entre a realidade e a teoria da conspiração”.
Embora a solução seja apostar nas notícias locais, que se baseiam em factos comprováveis, estas são, infelizmente, cada vez mais escassas.
Nas últimas duas décadas, fecharam cerca de 25% dos títulos no mercado de imprensa, verificando-se que um em cada cinco americanos vive num “deserto de notícias”. Na América rural, este problema é agravado, visto que “os pontos de venda locais desapareceram praticamente todos”.
De acordo com Vivian Schiller e Bonita Robertson-Hardy, colaboradoras do Poynter, além do jornalismo “pink slime”, as redes sociais e os “desertos de notícias” contribuem para “uma crescente crise de confiança, quer seja entre leitores, nas instituições e, especialmente, no jornalismo”.
A pesquisa da Gallup, realizada no mês passado, veio reforçar esta convicção, ao registar que “apenas um terço dos americanos confia nos media para relatar as notícias de forma completa, precisa e justa”, enquanto a confiança nos jornais e notícias de televisão atingiu recordes mínimos.
Dezembro 22
Adicionalmente, embora algumas organizações de notícias nacionais tenham tentado preencher o vazio que existe na cobertura das comunidades rurais, 57% dos leitores destas zonas confessaram que a situação se mantém.
Assim, as próprias notícias locais nas áreas rurais têm vindo a ser contaminadas para espalhar a desinformação proveniente do jornalismo nacional, ao invés de se focarem nas notícias da sua própria região, afectando a confiança da comunidade rural nos media noticiosos.
As autoras alertam que é necessário uma “mudança de rumo” e que, pelo bem da democracia, é preciso que todos priorizem a “recuperação dos media que atenda às necessidades de cada comunidade e de todos os seus cidadãos”, sendo importante que “as notícias locais sejam escritas por pessoas da comunidade e para a comunidade”.
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