Para restabelecer o papel central do jornalismo como função de interesse público é indispensável que os profissionais e as empresas passem a dar prioridade absoluta à busca da veracidade dos dados, factos e eventos publicados nos meios de comunicação de massa.  Isto significa abandonar a actual agenda de notícias, trocar o imediatismo pela contextualização e priorizar a relação com o público. Não é uma decisão fácil porque o ritmo frenético no fluxo de informações que circulam nos média e nas redes sociais supera a capacidade do jornalismo de verificação da veracidade de tudo o que é noticiado. Assumir uma postura reflexiva e moderadora no meio de uma conjuntura polarizada implica mudanças de rotinas, normas e valores que a maioria dos profissionais ainda resiste em incorporar no seu dia a dia.

O outro dilema enfrentado pelo jornalismo nesta era de polarização político/social é ainda mais complexo porque envolve posicionamentos diante da nova forma como são criadas percepções de factos, dados e eventos.

Antes da internet, quando a circulação de notícias era relativamente escassa, as pessoas podiam reflectir sobre o que estava a acontecer num ambiente informativo bem menos caótico do que o actual. Com a internet surgiu a avalanche informativa que provocou uma mudança radical no comportamento do público.

A análise dos factos foi substituída por impressões, já que o fluxo noticioso deixou as pessoas sem tempo para pensar. As opiniões passaram a ser formadas pela acumulação de dados inculcados na mente dos leitores, ouvintes, telespectadores e utentes de redes sociais.

O jornalismo, mostra-se muito lento na identificação desta mudança que obviamente, afecta os processos de produção e publicação de notícias, ainda mais quando os robôs eletrónicos multiplicam as postagens antidemocráticas as redes sociais.