O jornalismo como “salva-vidas” na “tempestade” da desinformação
A era digital veio alterar o panorama informativo mundial, ao disponibilizar um grande número de conteúdos mediáticos a custo zero.
Com isto, o jornalismo perdeu algum do seu valor financeiro, mas assumiu-se como um verdadeiro barco salva-vidas, numa “tempestade” de desinformação, em que as “teorias da conspiração” são consideradas mais relevantes do que os factos.
Este é, pelo menos, o ponto de vista do jornalista Carlos Castilho, exposto num artigo publicado, originalmente, na plataforma “Medium” e reproduzido no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Segundo recordou Castilho, as novas tecnologias digitais de informação e comunicação (TICs) vieram alterar, radicalmente, o quadro tradicional dos “media”, em que as notícias eram consideradas uma “commodity”, passível de compra e venda.
Ora, com a chegada dos computadores portáteis e da internet, o valor da notícia ficou, radicalmente, reduzido. Isto porque, além de permitirem o acesso à informação -- que deixou de ser exclusivo dos jornalistas -- os dispositivos electrónicos facilitam a reprodução de textos, fotografias e vídeos.
As redes sociais vieram, mais tarde, agravar a situação -- recordou o autor -- ao utilizarem, livremente, os conteúdos dos “media”, sem a devida compensação financeira (um cenário que está, agora, a ser alterado em países como a França e a Austrália).
Castilho sublinha, da mesma forma, que perante esta nova conjuntura social e económica, a imprensa começou a perder a sua importância aos olhos do público, o que resultou na queda acentuada de receitas e, em alguns casos, no encerramento de redacções.
Além disso, registaram-se perdas no âmbito intelectual, já que a produção jornalística começou a ser considerada banal.
Porém -- recordou Castilho -- as notícias continuam a ser a verdadeira porta para o conhecimento e para a formação de opinião.
Fevereiro 21
Isto verificou-se, por exemplo, com a chegada da crise pandémica, altura em que o trabalho dos jornalistas foi essencial para a saúde pública e para a segurança de todos os cidadãos.
Posto isto, o autor considera que “se antes a notícia era basicamente uma mercadoria, na era digital passa a ser a chave para atrair a atenção das pessoas num mar de informações”
“Toda a produção de conhecimentos, a base das inovações na economia digital, começa quando um dado, facto ou evento inédito atrai a atenção de uma pessoa”..
Por isso, apesar de todos os desafios enfrentados, o jornalismo está a assumir “um novo valor, baseado na sua futura importância estratégica para a ordem social, política e económica global, que supera, de longe, sua função actual, como mera ‘commodity’ comercializável”.
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