Com o aumento da violência das operações policiais, os jornalistas de todo o mundo estão a alterar a forma como relatam as manifestações civis e outros eventos que envolvam as autoridades, notou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
De acordo com Castilho, estas mudanças prendem-se com dois factores: o crescente belicismo das autoridades policiais e o impacto dos vídeos, áudios e depoimentos de vítimas e testemunhas partilhados em plataformas “online”.
Segundo recordou o autor, a necessidade de alterar os métodos de reportagem sobre estas temáticas foi abordada, pela primeira vez, na revista trimestral “Nieman Reports”, da Fundação Nieman.
Os textos publicados pela “Nieman Reports” reflectem a percepção dos profissionais dos “media” norte-americanos sobre os excessos cometidos na repressão de manifestações sociais, e sobre a importância de ouvir os dois lados da história.
Conforme indicou o autor, isto começa a verificar-se, também, no Brasil, onde os jornalistas estão a contrariar a conduta tradicional da imprensa. Castilho recorda, por exemplo, um incidente na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de 27 civis e de um membro das forças policiais.
Perante este acontecimento, os jornalistas tiveram que se adaptar a uma nova conjuntura social, recorrendo às redes sociais para recolher testemunhos publicados pelas camadas mais pobres da sociedade brasileira.
Contudo, este tipo de cobertura mediática pode empurrar os jornalistas para a “terra de ninguém”, já que as versões dos civis e das autoridades são, por norma, muito diferentes.
Maio 21
Ainda assim, destacou Castilho, alguns jornais locais fizeram um esforço inédito para contextualizar a morte de cada um dos civis, o que ajudou o público a perceber o nível de violência utilizado neste tipo de intervenção policial.
O autor sublinhou, da mesma forma, que os “media” estão, agora, a recorrer a bancos de dados académicos sobre violência urbana, o que permite refutar os números oficiais, apresentados pelo governo.
Castilho conclui que, apesar de a mudança das rotinas, normas e valores cobertura jornalística de eventos policiais ainda ser embrionária, tem já um papel crucial para travar alguns acontecimentos mais violentos e consciencializar a população.
Leia o artigo original em “Observatório da Imprensa”
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