O imperativo jornalístico de conhecer a agenda do cidadão comum
Carlos Castillo cita, ainda, um estudo realizado pelo jornal Charlotte Observer, que demonstra as diferentes preocupações das várias camadas da sociedade. Para além das inquietações serem influenciadas pela classe social de cada pessoa, são também dependentes do espaço social em que se encontram.
Estas diferenças são acentuadas, também, pela atuação da imprensa, conforme Castillo refere. Isto porque a agenda dos “media” nacionais não é a mesma dos “media” locais. Enquanto “os grandes jornais de circulação nacional obviamente privilegiam os temas vinculados à disputa pelo poder federal”, os jornais locais abordam as questões que afectam directamente as pessoas da região, acrescenta.
À luz do que acontece no Brasil, e não só, o jornalista atribui, em parte, esta realidade ao facto de não existir uma agenda comum, porquanto “temos uma imprensa nacional muito mais poderosa e um jornalismo local extremamente débil economicamente e muito dependente dos políticos e empresários municipais”.
Para mudar este estado de coisas, é preciso criar uma nova agenda dos “media”. Castillo cita, então, um artigo de Jennifer Brandel, em co-autoria com Jay Rosen, onde são apresentadas duas fases para modificar a relação que os media estabelecem com os cidadãos comuns nos vários espaços geográficos.
Em primeiro lugar, é preciso falar com alguns moradores e perceber o que mais os preocupa e, em segundo lugar, saber se gostariam de ser representados pelos “media” perante os políticos. Com base nos resultados deste diálogo, seria já possível criar um conjunto de questões a abordar, através de reuniões dos moradores com os candidatos, onde vissem as suas questões respondidas.
(Foto recolhida no Observatório da Imprensa do Brasil - EA GRAPHER - Pexels)