O grande drama da Internet é promover o “idiota da aldeia”
O autor começa por referir determinados conceitos ultrapassados pelo conhecimento científico, mas recuperados por grupos que se mostram activos nas redes sociais:
“Não por acaso, ideias absolutamente esdrúxulas como a chamada ‘Terra Plana’ tem ganhado um número cada vez maior de adeptos. Para os ‘terraplanistas’, o nosso planeta não é esférico, mas plano, com o formato de um disco circular. De acordo com essa ‘teoria’, não existe gravidade, o Polo Norte está localizado no centro do planeta e as estrelas estão ‘presas’ ao céu. Sendo assim, basta um mouse e um computador pessoal para que qualquer indivíduo possa ‘refutar’ teorias científicas corroboradas há séculos por importantes pensadores como Copérnico, Newton, Einstein.” (...)
“No terreno pedagógico, os ‘anti-intelectuais’ (que nunca pisaram em uma sala de aula, excepto, é claro, como alunos) querem extirpar Paulo Freire das escolas, porém acreditam que as instituições de ensino brasileiras não respeitam os valores tradicionais da família, pois são responsáveis por promover a ‘ideologia de género’, o ‘cientificismo’ e a ‘doutrinação comunista’. No tocante à história do Brasil, a moda entre os ‘anti-intelectuais’ é ser ‘politicamente incorreto’ e negar acontecimentos como o massacre de indígenas durante o período colonial, a escravidão de negros e o golpe militar de 1964.” (...)
Tendo citado alguns outros exemplos, o autor conclui:
“Certa vez, Nélson Rodrigues disse que os idiotas tomariam conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos. Pois bem, os idiotas podem (ainda) não ter dominado o mundo, mas, certamente, estão dominando as redes sociais.”
O artigo aqui citado, na íntegra no Observatório da Imprensa