O futuro dos “media” e da comunicação à luz do impacto da nova geração tecnológica

De um modo geral, o mundo mediático está cada vez mais imprevisível. Aspectos como o crescimento do streaming parecem ter um papel relevante no futuro, nomeadamente, para a população mais jovem.
Existem oportunidades interessantes a surgir, que podem permitir que alguns meios se reafirmem na sociedade e no mercado, se tiverem a capacidade de adaptação e a capacidade de investimento que potencie esse crescimento.
TV tradicional e canais de streaming
Os canais tradicionais de televisão têm apostado cada vez mais em serviços de streaming, disponibilizados em paralelo com o canal por cabo ou por satélite.O crescimento do streaming e do video-on-demand (em subscrições, receitas e conteúdos), é uma matéria consensual em todos as investigações.
Por outro lado, a crescente digitalização de todo o processo relacionado com TV e streaming– no qual o 5G terá um papel importante – irá alterar as funcionalidades de produção, distribuição e recomendação de conteúdo.
Já outra característica fundamental do mercado será a crescente segmentação/personalização da publicidade, adaptando-se a novos formatos e maximizando a experiência e o valor do cliente. Quanto às receitas do streaming/video-on-demand, o crescimento foi bastante forte há uns anos, continuando a progredir até estabilizar no mercado.
É expectável que o crescimento do investimento global em streaming, exceda, já em 2020, o investimento, nos EUA, do broadcast regular e do top 30 de TV por cabo.
Notícias, imprensa e jornalismo digital
Na análise dos relatórios relativos aos modelos de negócio actuais, no âmbito da imprensa e do jornalismo, ressalta clara uma tendência para se optar por um modelo baseado nos modelos digitais.
Segundo um relatório da KPMG (2016), os jornais precisam de adquirir uma abordagem renovada na maneira como actuam e garantem as suas receitas.
“Os negócios do futuro poderão ter modelos bastante distintos dos que existem actualmente e, com excepção dos jornais que oferecem conteúdo premium e conseguem obter algumas receitas nesse segmento , muitos outros poderão ter de adoptar um modelo exclusivamente digital, tornando muito difícil a existência de um modelo baseado no papel impresso”.
As principais fontes de receitas da imprensa e dos jornais, são as assinaturas, com cerca de 52%, seguindo-se a exibição publicitária (27%) e, com menor percentagem, a publicidade nativa (8%).
Diversos relatórios fazem referência à crescente importância do vídeo no que diz respeito ao consumo de noticias.
“Segundo a Cisco (2015), três quartos do tráfego dos telemóveis/smartphones e tablets iriam incluir vídeos nos cinco anos seguidos; já o The Future Today Institute (2018) revela que, nos EUA, em 2018, 46% dos americanos preferem ver vídeos sobre alguma notícia, sendo que 35% preferem ler e 17% preferem ouvir. Isto aponta, pois, para a importância crescente deste tipo de mediação multimédia. Em grande parte, tal crescimento terá a influência do 5G, que irá permitir uma maior acessibilidade e facilidade no que respeita à visualização de vídeos”.
O estudo faz ainda cinco previsões sobre o futuro do jornalismo, como o regresso do «jornalismo regional», a redacção aprofundada dos temas jornalísticos, a automação na escrita de certas notícias com o auxílio do 5G e da inteligência artificial.
Rádio
“Um relatório de 2018 da OFCOM, reguladora britânica para a comunicação, refere que nove em cada dez adultos no Reino Unido ouvem rádio todas as semanas, durante uma média de quase 21 horas por semana, e que 75% de todos os ouvintes o fazem ao vivo/em directo. Estes dados representam bem uma tendência geral de resiliência e de um potencial de mercado interessante para tais empresas de comunicação”.
“Segundo a Deloitte (2018), projecta-se que, em 2019, a rádio irá continuar a ser ouvida por bastante jovens, estimando-se que, nos EUA, indivíduos entre os 18 e os 34 anos ouvirão rádio pelo menos uma vez por semana e por mais de 80 minutos por dia, em média”.
O 5G e a sua importância no mercado
O 5G terá, certamente, um grande impacto na criação de novas possibilidades e no aceleramento de tendências, especialmente, no campo da comunicação e dos media.
Prevê-se que ocorra um crescimento bastante elevado (dos 170 mil milhões de dólares, em 2017, para cerca de 420 mil milhões de dólares em 2028) por parte do mercado global de media e entretenimento. O estudo prevê, ainda, que desse montante, 124 mil milhões ficarão nos EUA e que a China averbará outra grande fatia no mercado global, pois são duas grandes potências do mercado 5G.
“De um modo geral, as receitas, por parte do 5G no que diz respeito aos media, poderão vir a ser divididas nas seguintes cinco categorias/segmentos: 1) Media móvel aprimorada, com o uso de media paga e incorporada que inclui vídeo, música ou jogos em redes 5G; 2) Publicidade móvel aprimorada, que corresponde a publicidade existente em telemóveis ou noutros formatos visuais, como a realidade virtual (RV) ou a realidade aumentada (RA); 3) Banda larga doméstica e TV, correspondente ao uso do 5G como a principal conexão de internet doméstica, fornecida com um pacote de TV; 4) Media imersiva, que diz respeito a conteúdos e aplicações de AR e RV, nomeadamente, ao nível de jogos, algo que será, com o 5G, disponibilizado em massa; 5) Novos media, que corresponde a projectos e aplicações que não existem actualmente e que o 5G ajudará a criar, como é o caso de exibições holográficas em 3D”.
Quanto ao papel da Europa no 5G, um relatório da Deutsche Research Bank (2018), refere três grandes riscos que a Europa tem na área digital:
“1) As empresas europeias correm o risco de ficar ainda mais atrasadas nas áreas centrais de mudança tecnológica, onde já perderam terreno significativo para os seus concorrentes americanos e chineses;
2) As empresas europeias encontram-se a investir muito pouco, em comparação com EUA e China, na área da inteligência artificial;
3) Onde as empresas europeias desenvolveram boas posições boas ou foram líderes em áreas como robótica e automação, indústria 4.0, mobilidade conectada e redes inteligentes de energia, correm o risco de serem atacadas, ultrapassadas ou expulsas para fora do mercado”.
A Europa precisará de investir nas suas infra-estruturas digitais, possivelmente, a necessidade de investimento ultrapassará os 500 mil milhões de euros em infra-estruturas e serviços de comunicação e internet, o que será, em grande parte, responsabilidade de empresas do sector privado.
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