O artigo que citamos conta que o formato do encontro, “sem temas pré-definidos e baseado em conversas horizontais, e a mistura de indústria tradicional + plataformas de tecnologia + empreendedores do jornalismo + académicos”, acabou por proporcionar “debates instigantes”.

Breve nota sobre os cinco pontos mais salientes:

  1. Fakenews.  Tanto a Google como o Facebook, que também esteve presente, mostram-se preocupados com as repercussões do fenómeno das “notícias falsas” sobre a sua imagem. “Alvejados por jornalistas e publishers, que acusam as plataformas de permitir a expansão das notícias falsas, Google e Facebook admitem que são parte do esforço contra o deterioramento da esfera pública, mas negam a condição de editores de media.” O vice-presidente de News da Google, Richard Gingras, foi entrevistado pela Folha de S. Paulo, e as suas declarações podem ser lidas neste vídeo, com legendas em português.
  2. Colaboração.  Os jornalistas estão a tomar consciência de que, com “cada vez menos recursos”, precisam de pôr de lado a competição e reunir forças. “Como tornar possíveis novos Panamá Papers? Jornalistas independentes não deveriam formar uma rede para compartilhar fontes, apurações, histórias?”
  3. Startups jornalísticas.  Estavam presentes algumas das mais conhecidas iniciativas brasileiras neste campo, como Nexo, JOTA, Canal Meio, Ponte e Agência Pública. “Faltam modelos, planeamento e estímulo aos jornalistas empreendedores. Como incubar novos negócios de modo a dar-lhes preparo e condições para se desenvolver e inovar?” Ficou a promessa de criação de um grupo para ampliar e aprofundar os debates no Brasil.
  4. Olho no retrovisor.  Tanto os administradores como os editores dos meios tradicionais procuram descobrir “o novo modelo de negócios que vai lhes garantir sobrevivência. Paywall, conteúdos patrocinados e métricas de audiência, de entre outros temas, geram debates que sempre voltam ao mesmo lugar: quem vai pagar a conta?”
  5. O que é o jornalismo, afinal? Que valor entregamos à sociedade? E para que serve? “Nas melhores sessões sobre cenários futuros, questões profundas como essas surgiram naturalmente, sem que fossem discutidas exaustivamente. O ecossistema pós-industrial expõe nossas fraquezas conceituais e, no caso brasileiro, denuncia o abismo entre mercado e academia. O jornalismo do futuro não virá de drones, realidade virtual ou aplicativos de celular, mas das melhores respostas para estas perguntas.”

 

Mais informação no artigo original, no ObjEthos, de onde colhemos a imagem utilizada