Esses critérios tornaram-se, contudo, menos rígidos, quando personalidades e académicos passaram a exercer o papel de formadores de opinião nos “media”. As linhas ficaram, ainda, mais ténues quando gente comum passou a querer fazer jornalismo “online”, diluindo fronteiras.

De acordo com Castilho, o jornalismo poderá, assim, deixar de ser caracterizado por um conjunto de normas que o distingue de outras actividades. A separação entre jornalistas e não-jornalistas tende a tornar-se cada vez mais frágil.

Para o autor, o facto de o jornalismo ser, agora, um exercício acessível a um grande número de pessoas, acarreta várias consequências, entre as quais, a diminuição do controlo estatal sobre o exercício da profissão e o enfraquecimento do poder dos sindicatos.

Castilho teme, contudo, que a “desprofissionalização” e a “desinstitucionalização” conduzam a uma nova definição do que é ser jornalista. A “desinstitucionalização” do jornalismo não implica, contudo, o desaparecimento da imprensa. Os “media” continuarão a existir, porque atendem às necessidades de um determinado nicho no sistema informativo, mas a “instituição imprensa” perderá o seu carácter hegemónico.


Nessas condições, o conceito de “quarto poder”, encarregado de vigiar os três outros (Executivo, Legislativo e Judiciário), pode perder a força política que o caracterizou no passado. A imprensa, antes um actor principal na função de “watchdog”, passará a ser mais um agente na defesa dos interesses do cidadão digital.

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