O conceito de “ecossistema informativo” refere, portanto, todo o conjunto de elementos que compõem o ambiente social onde os nossos meios de comunicação estão inseridos. [É tratado em pormenor no trabalho Local Journalism - The Decline of Newspapers and the Rise of the Digital Media, co-editado pelo Instituto Reuters e pela Universidade de Oxford] 

Como conta o autor do artigo que aqui citamos, “a notícia pode ter sido redigida e distribuída por profissionais, mas, ao circular, ela inevitavelmente gera novos complementos e opiniões que, por sua vez, retroalimentam o fluxo informativo dentro da comunidade e acabam gerando novos factos, dados e eventos noticiosos”.  (…) 

Carlos Castilho cita o investigador e docente de Comunicação Andreas Hepp, da Universidade de Bremen, segundo o qual o surgimento de novas funções dentro do processo de produção digital da informação provoca mesmo “uma redefinição radical do que entendemos por jornalismo, na medida em que a actividade já não se limita mais à produção de notícias e reportagens”: 

“Áreas como processamento de dados, design de informações e empreendedorismo já não podem ser consideradas como estranhas ao jornalismo.”  (…) 

“Tudo isso mostra que o jornalismo começa a ser exercido dentro de um novo contexto caracterizado pelo compartilhamento de dados entre pessoas com diferentes habilidades e competências”  - a que o investigador suíço Etienne Wenger chama “comunidades de prática”: 

“Numa redacção, predomina o interesse em produzir notícias como parte de uma actividade comercial, enquanto nas comunidades de prática a preocupação central é resolver problemas a partir do compartilhamento de dados.”  (…) 

Citando de novo o trabalho de Andreas Hepp, Carlos Castilho conclui que a realidade digital está a empurrar o jornalismo para uma função pioneira “no desenvolvimento de novos formatos informativos e novos fluxos de notícias” dentro das comunidades humanas, obrigando os profissionais “a abandonarem uma série de rotinas, princípios e valores tradicionais na maioria das redacções”.  (…)

 

O artigo aqui citado, na íntegra no Observatório da Imprensa