Mas, agora, este processo parece-lhe “compulsivo”. “As marcas nem sempre resultam de um impulso criativo. Por vezes ,são criadas para assegurar o sucesso no nosso sector”.


Além disso, explicou Howell, partilhar conteúdos informativos de qualidade nas redes sociais requer um trabalho aprofundado, o que nem sempre acontece, uma vez que os jornalistas podem não ter tempo, ou as faculdades necessárias, para abraçar este tipo de processo.


Ainda assim, o estudo “Media Work and Society”, publicado em 2019, veio reiterar que os jovens jornalistas sentem necessidade de continuar a apostar nas suas marcas digitais, ainda que isto possa afectar a qualidade do seu trabalho. 


Aliás, Jay Rosen, um professor de jornalismo na Universidade de Nova Iorque, diz encorajar os seus alunos a criarem uma presença “online”, na forma de uma página “web” ou de uma conta no Twitter, com o objectivo de se diferenciarem.

Este investimento digital, explica Rosen, pode ajudar jornalistas sem grande reconhecimento, ou  profissionais “freelancer”, que queiram impulsionar a sua carreira.


No entanto, ressalvou a autora, este tipo de processo não deveria ser motivado, unicamente, pelo desejo de relevância no sector.


“É um paradoxo”, explicou Craven. “Sem uma plataforma pessoal, muitos jornalistas talentosos não terão a possibilidade de contar histórias com cunho pessoal. Mas, se a única motivação for a ‘fama’, estes jovens poderão abster-se de partilhar as suas visões, por medo de virem a perder seguidores”.


“Este é um dilema que, raramente, permite que o jornalista venha em primeiro lugar”, concluiu.