O dilema dos fotojornalistas em cenário de manifestação
Nos últimos anos, alguns fotojornalistas começaram a debater o impacto das suas próprias reportagens visuais em manifestações, já que estas podem ter consequências graves para alguns dos cidadãos presentes, afirmou Taraneh Azar num artigo publicado no “site” do Instituto Poynter.
Segundo recordou Azar, este tema começou a ser discutido na sequência do desaparecimento e morte de alguns manifestantes que figuraram em imagens captadas por fotojornalistas norte-americanos.
Posto isto, os fotojornalistas estão, agora, a ser confrontados com um dilema, já que se, por um lado, as reportagens visuais sobre movimentos sociais são importantes para informar a sociedade, por outro lado, podem ter consequências graves para os cidadãos que nelas aparecem.
De acordo com Azar, a captação de fotografias em manifestações revolucionou o “storytelling” jornalístico. Isto porque, graças a este tipo de narrativa, pessoas de todas as partes do mundo começaram a compreender aquilo que movia os manifestantes, independentemente de falarem, ou não, a mesma língua.
Contudo, devido à introdução de novas tecnologias, estas imagens disseminam-se, agora, muito rapidamente, chegando, em poucos minutos, a milhões de utilizadores da internet.
Perante este cenário, os repórteres de imagem estão, agora, a ser obrigados a ter que escolher entre a liberdade de fotografia e a minimização de possíveis consequências.
“A questão é que, quando as pessoas estão em espaços públicos, não podem esperar ter direito à privacidade”, considerou Mickey Osterreicher, responsável pelo National Press Photographers Association. “As pessoas são gravadas milhares de vezes por dia por dispositivos de vigilância. E se os fotojornalistas decidirem deixar de fotografar eventos públicos, podem também desistir da profissão”.
Junho 21
Por outro lado, alguns especialistas consideram que os fotojornalistas devem reformular o seu “modus operandi”, evitando captar cidadãos em situações vulneráveis, e transformando as reportagens num processo colaborativo.
Estes jornalistas defendem, por exemplo, que os profissionais dos “media” devem abordar os cidadãos envolvidos nas manifestações, de forma a obter o seu consentimento para captar, ou não, uma fotografia sua.
Ainda assim, algumas organizações acreditam que defender os interesses dos manifestantes pode ser tomado como uma prática tendenciosa.
Contudo, também neste ponto, existem divergências de opinião. A título de exemplo, o repórter Wesley Lowery, vencedor de um prémio Pulitzer, acredita que “qualquer bom jornalista é um activista pela verdade, a favor da transparência, um defensor da responsabilização”.
Da mesma forma, Mike Davis, professor de fotografia documental na Universidade de Syracuse, defende que o jornalismo visual deve ter uma abordagem de respeito mútuo.
Posto isto, a autora conclui que a prioridade de cada fotojornalista deve passar por captar versões fidedignas, dinâmicas e complexas sobre aquilo que se está a passar no seio de movimentos sociais. Tudo isto deve incluir comunicação aberta.
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