Segundo a autora, “a debilidade do sector é tal que alguns dos media fundados nos anos 90 por empresários mediáticos inopinados, no calor de uma ‘bolha’ desenvolvimentista que depressa se desfez, foram embargados ou estão à beira da ruína, especialmente no sector do audiovisual. A servidão do poder, de qualquer sinal, e o funcionamento de empresas um tanto ‘amadoras’ dominaram esta travessia do deserto que ainda não terminou”. (...) 

“Dantes privilegiada, pela poderosa representatividade do seu sindicato, boas condições laborais e baixa percentagem de desemprego, e hoje condenada ao subemprego  - quando há, com ordenados de 500 euros nos meios digitais -  a classe dos jornalistas é o perfeito reflexo de uma realidade feita em cacos a partir de 2010, ano em que foi negociado o primeiro resgate.”

“Seguir-se-iam mais dois, até desenhar um panorama em que todos os sectores da sociedade grega  - e o dos media não é precisamente uma excepção -  ficaram desvalorizados, como demonstram a perda de mais de 25% do PIB, desde essa altura, e uma quebra que chega quase aos 60% nos salários.” (...) 

María Antonia Sánchez-Vallego recorda como, “por exigências do memorando e dos seus conhecidos cortes, em Junho de 2013 o Governo de Atenas (então composto por conservadores, sociais-democratas e um pequeno partido de centro-esquerda) fechou, da noite para o dia, a radiotelevisão pública, uma entidade ‘paquidérmica’ com quase 2.700 empregados  - reaberta dois anos depois pelo Governo do Syriza, em cumprimento das suas promessas eleitorais”. (...) 

“A uma maior precariedade de suportes e receitas sucedeu, como é evidente, uma menor pluralidade de Informação, uma maior concentração dos meios sobreviventes e uma notável (auto) censura, com escandalosos episódios políticos, administrativos ou judiciais contra alguns informadores. A narrativa da crise, isto é, a articulação de um discurso pró-troika ou anti-austeridade, segundo os casos (em suma, direita contra esquerda), não foi alheia à decantação dos media (e dos seus consumidores) e à tímida reorganização de alguns deles no infinito umbral de possibilidades da Rede.” (...) 

“A agonia de títulos como Eleutheros Typos (de centro-direita) ou Eleutherotypia (de centro-esquerda) prolongou-se durante anos, com suspensão de pagamento aos seus trabalhadores, até que ambos se viram obrigados a fechar. Da equipa do Eleutherotypia saiu há dois anos o Efimerida ton Syntakton (Diário dos redactores), um colectivo experimental em regime de cooperativa que, de momento, goza de alguma saúde, tanto na sua edição impressa como na digital, embora os críticos vejam nisso a mão oculta do Governo (o diário H Afyí, órgão do Syriza, continua aberto, apesar de vender apenas 4.000 exemplares, recordam os críticos).” (...)

  

O artigo de María Antónia Sánchez-Vallejo, na íntegra, em Cuadernos de Periodistas