O contributo dos “ombudsman” para restaurar a confiança nos “media”
Ainda assim, de forma geral, os “ombudsman” disseram sentir-se apoiados pela direcção e colaboradores do título, mesmo que tenham sentido, em determinados momentos, alguma tensão ou atitudes defensivas.
Da mesma forma, alguns provedores destacam a preocupação dos jornalistas com os princípios éticos.
A título de exemplo, Richard Chacón, “ombudsman” do “Boston Globe” entre 2005 e 2007, referiu-se aos repórteres como seus “principais colaboradores”.
Por outro lado, Andrew Alexander, provedor do “Washington Post” entre 2007 e 2012, referiu que, por vezes, as queixas apresentadas pelos jornalistas eram motivadas por conflitos pessoais.
Embora os “ombudsman” tenham enfrentado altos e baixos no interior da redacção, Chacón referiu que a resposta do público era, consistentemente, positiva.
Jensen referiu, neste sentido, que “as pessoas tendem a sentir-se agradecidas quando recebem uma reposta”.
Ainda assim, todos os provedores disseram ter-se sentido assoberbados com a quantidade de “feedback” que recebiam.
Os antigos “ombudsman” preocupam-se, agora, com o papel das redes sociais, ressalvando que estas não devem ser consideradas “provedoras do público”.
“As pessoas dizem o que querem no Twitter, mas um ‘ombudsman’ investiga, de facto, estas acusações”, referiu Jensen.
Perante as crescentes críticas dos leitores, e os comentários negativos publicados nas redes sociais, os profissionais entrevistados acreditam que os títulos devem voltar a indigitar “ombudsman”.
“A presença de alguém que tenha um papel neutro (...) vai levar os repórteres a repensarem as histórias”, disse Jamie Gold, provedor do “Los Angeles Times” entre 2001 e 2011. “Muitos jornalistas e editores ignoram os comentários dos leitores”.
Já Jack Lessenberry, “ombudsman” do “The (Toledo, Ohio) Blade” entre 1999 e 2018, referiu que um provedor ajuda os leitores a compreenderem as funções do jornalismo.
“A indústria precisa de explicar como é que o jornalismo funciona e para que serve”, disse. “As pessoas precisam de compreender o que as notícias são, e quais são os valores noticiosos. Não podemos dar-nos ao luxo de não termos provedores. Precisamos da confiança dos cidadãos”.
Os entrevistados garantem, por outro lado, que a recuperação do papel dos “ombudsman” nos jornais não é um desejo sentimental.
Parte, por outro lado, da crença de que as organizações noticiosas devem recuperar a sua confiança e credibilidade.
“Um dos maiores problemas que temos no jornalismo é a confiança”, disse Margaret Sullivan, antiga provedora do “New York Times”. “Ter um ‘ombudsman’ pode ajudar as redacções a recuperarem a sua credibilidade aos olhos do público. Isto não significa que vamos fazer as pessoas felizes, porque não vamos, não podemos. Mas, pelo menos, podemos dizer que ‘temos uma pessoa. Esta pessoa é independente e deixamo-la em paz’”.
De forma geral, os profissionais concordam que ter um “ombudsman” não resolveria todos os problemas nos “media”.
Mas seria um bom começo.
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