Essa coexistência entre a visão de gestores e jornalistas acabou por dar ao Clube uma característica muito própria, tornando-se um fórum de debate particularmente enriquecedor. Desde o início o Clube notabilizou-se em duas vertentes de intervenção: a promoção de encontros debate com as chamadas “fontes de informação”, permitindo a reflexão sobre pontos de interesse geral ou especial complexidade, geralmente no registo de “off record” e a promoção de jornalismo de qualidade com a atribuição dos prémios em várias categorias, a que mais recentemente se juntou o Prémio Carreira. Outros se lhe seguiram com sucesso, mas é justo atribuir ao CPI o pioneirismo absoluto na matéria.

Tivemos, nesta longa actividade, uma linha de comum continuidade, sem a qual o Clube em vez de mostrar uma renovada vitalidade nos últimos anos certamente já teria desaparecido. A inestimável disponibilidade e dedicação do seu director de sempre, o nosso Dinis de Abreu,  que acabou a prolongar a sua passagem pela direcção do Diário de Noticias, o grande jornal de referência na altura, nos mandatos sistematicamente renovados por aclamação e louvor como dirigente do CPI.

Os últimos anos foram ricos de parcerias com o Automóvel Clube de Portugal (parceiro de quase sempre), o Centro Nacional de Cultura e o Grémio Literário,  que permitiram ao CPI uma dimensão de convívio cultural particularmente simpático. Ao público clássico de jornalistas e gestores da comunicação vieram somar-se os interessados pelos vários temas em debate. Uma mais-valia.

Num ponto, contudo, falhamos: não se construiu o consenso necessário ao avanço que a maioria defendia para a constituição de uma estrutura do  tipo ordem profissional ( o que eu não lamento, especialmente porque sempre fiz parte da minoria que via a criação da Ordem com algum cepticismo). Como segundo insucesso reconheçamos que não se conseguiu o rejuvenescimento necessário a garantir o futuro da estrutura.

É esse o grande desafio do momento: não deixar que o clube envelheça com os seus criadores. Eu que estava a dar os meus primeiros passados no jornalismo estou agora a aproximar-me dos últimos na profissão. O mundo mudou, entretanto, mas a necessidade de continuar a debater as questões éticas que se impõem e a função que os media são chamados a desempenhar, não só não acabaram como ganharam contornos de ainda muito maior importância. 

No mundo digital, “os cães do guarda da democracia” são mais do que nunca necessários e, convenhamos, são cada vez menos. Os tempos que vivemos no início desta aventura na perspectiva nacional podiam designar-se como tempos interessantes, mas os que actualmente enfrentamos são, na perspectiva da velha expressão chinesa,  tempos  muitíssimo mais “interessantes”. 

Devemos estar gratos por podermos fazer parte destes tempos e seria muito bom que, agora, que os que criaram o CPI sintam  mais do que nunca a plenitude da sua necessidade e utilidade,  não deixando de lutar pelo seu rejuvenescimento. Admitamos com humildade que há entre a nova geração gente infinitamente mais preparada para analisar e construir o futuro. Um futuro que, em múltiplos casos, já se fez presente.

*Presidente da Assembleia Geral do CPI