Esse primeiro texto é de Frédéric Lordon, economista e sociólogo, e o comentador é Julien Salingue, doutorado em Ciências Políticas, que resume a sua observação, no Acrimed, em quatro tópicos, citando sempre um ou dois parágrafos do original: 

Sobre a autocrítica agora feita pelos media. Julien Salingue vai buscar a imagem dos "mortos-vivos" que seremos todos nós, os comentadores dos media, aturdidos pelo que não soubémos prever. Aliás, a última frase que cita do texto de Lordon é penosa de ler :

"Se a eleição de Trump revelou ‘um problema com os media’, só muito superficialmente será ‘de não o ter visto vir’: foi antes de ter contribuído para o produzir!" 

Sobre a França "da cólera e da rejeição". Neste ponto, a suposta autocrítica dos media franceses é objecto de crítica e até de sarcasmo por ambos os autores. Eles saberão melhor que nós do que falam, talvez possamos aprender no que respeita ao nosso próprio caso... 

Sobre fact-checking e jornalismo pós-político. A crítica, aqui, é à ilusão de que poderíamos ainda obter legitimidade pela nossa disciplina de contrapor "a verdade dos factos" à "credulidade do público". Frédéric Lordon escreve que "o frenesim do fact-checking é ele próprio o produto derivado tardio, mas altamente representativo, do jornalismo pós-político, que reina de facto há muito tempo, e no qual já não há nada a discutir, além das verdades factuais." 

Sobre a miséria desse pensamento reduzido ao fact-checking. A questão, neste ponto, desemboca no ponto sensível do pluralismo de opiniões nos media. É ele autêntico ou ilusório? A ironia da análise de Lordon é pesada sobre os media franceses que cita e, uma vez mais, é indispensável consultar o original e usá-lo como ponto de interrogação para o nosso caso.

 

O comentário no Acrimed e o texto original, no Le Monde Diplomatique, a que pertence a imagem utilizada