Novos fundos podem combater “desertos noticiosos” nos EUA
A crise dos “media” locais é o resultado de uma má gestão dos negócios noticiosos, e de uma aposta numa indústria que serve, apenas, os interesses dos grandes empresários, considerou Timothy Karr num artigo publicado no “site” da “Columbia Journalism Review”.
Karr recordou, neste âmbito, que, nos últimos tempos, diversos políticos e especialistas em “media” têm culpado a transição digital, bem como o “duopólio” publicitário da Google e do Facebook, pelo encerramento de um número crescente de títulos comunitários.
Contudo – e apesar de as novas tecnologias terem, de facto, alterado a forma como consumimos notícias – a crise dos jornais comunitários começou a registar-se na década de 1990, ainda antes da chegada da era digital.
Como tal, Karr acredita que o principal factor para o aparecimento de “desertos noticiosos” é a criação de conglomerados de imprensa, que vieram consolidar as dívidas dos Grupos mediáticos.
Isto aconteceu, continua o autor, porque os empresários dos “media” valorizaram, sobretudo, o lucro dos negócios, em detrimento da prestação de um serviço às comunidades.
Outra das questões a ter em conta, prosseguiu Karr, é a linha editorial que muitos jornais adoptaram, primando pelo sensacionalismo, e dificultando a distinção entre as notícias fidedignas e as “fake news” que circulam “online”. Esta opção veio, aliás, afectar os níveis de percepção de confiança quanto às notícias locais. No entanto, as táticas de "clickbait" foram, durante muito tempo, a única forma de conquistar audiências e, consequentemente, investimentos publicitários.
Perante este cenário, Karr defende que o Congresso norte-americano deve ter em conta a crise do modelo de negócio da imprensa local, agora que está a revisitar Journalism Competition and Preservation Act, um documento que visa defender a pluralidade mediática nos EUA.
Março 22
Neste âmbito, Karr acredita que o governo dos EUA deveria duplicar os investimentos anuais em “media” sem fins lucrativos ou comerciais.
Até porque, continuou Karr, este tipo de apoio iria gerar uma maior aposta na imprensa local, contribuindo para o combate dos “desertos noticiosos”, onde os cidadãos recorrem às redes sociais para se manterem informados sobre os eventos locais.
Outra das medidas defendidas por Karr é a criação de projectos colaborativos, que convidam os cidadãos a participarem na escolha dos temas abordados, sensibilizando-os para a importância do jornalismo nas comunidades.
Assim, Karr acredita que os membros do governo devem trabalhar para a criação de fundos para notícias sem interesses comerciais, em vez de continuarem a focar-se no “duopólio” digital, já que isto não ajudará a melhorar a qualidade do jornalismo, essencial para a saúde cívica e democrática.
Neel Dhanesha, redactor no Nieman Lab, escreveu um artigo que acompanha o processo de criação de um recurso de inteligência artificial que pode vir a ser um “braço direito” para os...
“Embora exista um conjunto crescente de ferramentas e serviços pagos disponíveis que afirmam ser capazes de detectar automaticamente a presença de falsificações geradas por inteligência...
Cinco anos depois de os Repórteres sem Fronteiras (RSF) terem lançado a Journalism Trust Initiative (JTI), a norma internacional para o jornalismo transparente atingiu um marco importante: mais de...
Embora se definam apenas como plataformas tecnológicas, as redes sociais influenciam as opiniões pessoais. Os especialistas em comunicação, como Rasmus Kleis Nielsen, autor do artigo News as a...
De acordo com Carlos Castilho, do Observatório de Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém uma parceria, o jornalismo enfrenta, actualmente, dois grandes desafios, nomeadamente,...
Num texto publicado no media-tics, o jornalista Miguel Ormaetxea, reflectiu acerca da receita de publicidade digital dos media, que, em grande parte, fica nas mãos de grandes empresas de tecnologia,...
Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado.
Batista...
O Journalism Competition and Preservation Act (JCPA), um projecto de lei que pretendia “fornecer um 'porto seguro' por tempo limitado para algumas organizações de notícias negociarem...
Algumas organizações criaram um novo guia, Dimensions of Difference, para ajudar os jornalistas a entender os seus preconceitos e a cobrir melhor as diferentes comunidades. Este projecto baseia-se...