Os assuntos a cobrir passam pelos delitos financeiros, crimes ambientais, a indústria agro-alimentar, vigilância e liberdades fundamentais, saúde pública e questões de energia  -  uma recolha de temas possíveis, com o objectivo de denunciar os abusos de poder. Serão decididos por um comité editorial voluntário, composto por 14 jornalistas experimentados, entre eles Jean-Pierre Canet (ex-chefe da redacção de Envoyé Spécial), Benoît Collombat (France Inter), Valentine Oberti (Quotidien) e Anne Poiret (galardoada com o Prémio Albert Londres). 

Mathias Destal explica que, para efeitos de publicação, tencionam, além do site disclose.ngo, apoiar-se em media já existentes, como a Médiapart, Rue 89, o site de vídeos Konbini, a célula de investigação da Radio France ou ainda Marsactu, um jornal digital independente, de Marselha. 

“A ideia não é nova: o jornalismo colaborativo e a pulicação em suportes diversos já tem prestado propvas, nestes últimos anos, com as revelações a nível mundial, feitas pelo consórcio de investigação ICIJ e pelas Forbidden Stories, por exemplo (Panama Papers, Daphne Project).” (...) 

“Mas, para que o modelo seja viável, os fundadores de Disclose contam ainda, para conseguirem chegar ao objectivo dos 400 mil euros no primeiro ano, com o envolvimento de mecenas mais importantes do que a estrita contribuição popular: a de fundações privadas. A aposta é ousada.” Como explica Mathias Destal: 

“De momento, em França, nenhuma fundação apoia projectos mediáticos, estando a filantropia reservada sobretudo ao domínio cultural.” 

A Disclosure inspira-se num modelo de negócio muito corrente nos Estados Unidos, “onde existe uma longa tradição de filantropia por parte de homens de negócios  -  cujos pioneiros foram, nomeadamente, Andrew Carnegie e as famílias Rockfeller e Ford; várias estruturas de investigação são hoje financiadas por fundações privadas, como é o caso da ProPublica”: 

“Lançada em 2008 por Marion e Herbert Sandler, dois mecenas da Califórnia, este meio já não tem que provar a sua força de ataque. Financiado por este casal de milionários democratas, antigos proprietários da Golden West Financial, uma caixa de poupança e crédito, foi galardoado em 2009 com o Prémio Pulitzer por uma investigação com capa da New York Times Magazine.” (...) 

Mas esta filantropia levanta sempre perguntas sobre os conteúdos dos media beneficiados. “Para garantir a independência da sua redacção, a Disclose exige dos doadores (...) que renunciem a todo o poder sobre a linha editorial.” 

Beneficiam, no entanto, de um direito de vistoria sobre a gestão e utilização dos fundos, elegendo dois representantes no conselho de administração.

 

 

O artigo aqui citado, na íntegra, em L’Obs