Embora de tiragem limitada (52 mil exemplares), o Cumhuriyet é muito respeitado na Turquia. Segundo Le Monde, que aqui citamos, é um jornal "assente sobre os valores republicanos transmitidos por Ataturk, que assumiu a defesa da laicidade, nomeadamente publicando, em 2015, as caricaturas do Charlie Hebdo". O anterior director editorial, Can Dundar, e o correspondente em Ankara, Erdem Gul, foram condenados a cinco anos de prisão pela publicação de uma reportagem sobre a entrega de armas, pelos serviços turcos, aos rebeldes islamistas que combatem Bashar Al-Assad, na Síria. Vítima de uma tentativa de assassínio, Can Dundar vive hoje no exílio, na Alemanha.

 

Segundo o Expresso, “entre os funcionários públicos afastados dos seus empregos contam-se académicos, professores, funcionários do sector da saúde, guardas prisionais e especialistas forenses”, todos suspeitos de alguma ligação à tentativa de golpe falhada a 15 de Julho. (…) “Desde esse dia, cerca de 110 mil pessoas já foram despedidas ou suspensas, entre elas pelo menos 13 mil agentes da polícia, e 37 mil foram presas”.

 

Le Monde sublinha que o estado de emergência, que continua em vigor na Turquia, “permite ao executivo agir sem entraves, sem passar pelo Parlamento e muito menos pelas instâncias judiciárias, já devastadas pelas purgas, depois da destituição de mais de 4000 magistrados”:

 

“O novo decreto desfere um golpe duro sobre a missão dos advogados. De agora em diante, as suas entrevistas com os clientes suspeitos de ‘terrorismo’ passam a ser gravadas, com a presença obrigatória de um guarda, e todos os documentos escritos trocados devem ser visados pelas autoridades. Se o juiz assim entender, as visitas dos advogados podem ser suprimidas durante seis meses.”

 

O Presidente Recep Tayyip Erdogan  - que reafirmou a sua vontade de restabelecer a pena de morte -  pretende uma reforma constitucional, a submeter ao Parlamento “no mais breve espaço de tempo”.

 

 

Mais informação no Expresso, Le Monde e Le Figaro