As métricas têm, também, uma importância operacional a curto prazo -- optimização de conteúdos para aumentar o alcance; Médio prazo – melhor distribuição de conteúdo de acordo com a plataforma e a audiência; e Longo prazo – maior interacção e fidelização das audiências.


Contudo, isto pode resultar, igualmente, nalgumas consequências para a qualidade e pluralidade do jornalismo praticado já que, por norma, os leitores “online” demonstram uma maior preferência por “soft news”.


Da mesma forma, este fenómeno tem vindo a provocar um choque entre as  métricas das audiências e as auto representações dos jornalistas sobre a sua função, uma vez que, tradicionalmente, o processo de decisão é baseado na assunção de que profissionais dos “media” sabem o que é melhor para o público.


Aliás, a consciência da importância das métricas sobre as audiências levanta problemas normativos/éticos, desde logo porque a escolha das notícias deveria ser feita com base em critérios editoriais e em valores-notícia (‘newsworthiness’), que são independentes das preferências dos leitores.


Ademais, num ecossistema digital, em que as decisões são baseadas em dados sobre as audiências “online”, o jornalismo pode perder o seu papel de “gatekeeper”.


Outra das alterações registadas passa pelos critérios utilizados para avaliar o trabalho dum jornalista e o desempenho nas redações.


Agora, a definição dum “bom jornalista”, assim como a estrutura organizacional na redacção, está em transformação, o que pode resultar num jornalismo performativo, concentrado nas audiências e não no processo de produção de notícias em si, trazendo novas formas de pressão sobre os profissionais.


Deste modo, as métricas funcionam como dispositivos disciplinadores, utilizados pelos gestores que premeiam ou punem os jornalistas (ora promovendo-os a cargos de influência, ora forçando-os a redefinir as suas prioridades na cobertura noticiosa). 


Ainda assim, afirma o relatório, a preponderância da quantificação da audiência através das métricas tenderá a aumentar, devido à evolução da automatização e da integração da inteligência artificial em programas de análise de dados.


Podemos, contudo, esperar métricas mais complexas e mais representativas da realidade, que facilitarão a implementação e o sucesso de modelos de negócio baseados nas assinaturas.

Leia o relatório original em “Obercom”