“Newsweek” com bónus de tráfego estimula “jornalismo viral”…
Mesmo a pressão de Cooper, em relação a escrever reportagens originais, deve-se aos algoritmos do Google News, que dão primazia a esses conteúdos nos resultados de pesquisa.
Alguns editores exigem novas histórias em apenas uma hora. Para dar resposta a este pedido, se dois jornalistas estiverem a cobrir a mesma história, mas com ângulos diferentes, o processo é utilizar o mesmo resumo, alterando apenas a informação do “lead”.
A Newsweek tem dispensado vários jornalistas com mais experiência, optando pela contratação de jovens, que trabalham quarenta horas semanais por quinze dólares por hora, o salário mínimo em Nova Iorque.
A revista impunha, ainda, que os jornalistas recém-contratados e inexperientes realizassem a mesma quantidade de trabalho que os assalariados.
“Quando fui contratado, era um dos dois repórteres que cobriam as ‘notícias do mundo’. O meu contrato original estipulava que tinha de realizar um mínimo de dez mil leitores por mês, um número tão alto que meu editor me disse para ignorar.”
Convencidos de que o clickbait traria receitas, muitos jornalistas adoptaram pseudónimos e escreveram sobre temas como “a última profecia do dia do juízo final”. Nesta fase, os gestores decidiram aplicar o “bónus de tráfego” e começaram a classificar os jornalistas num painel, em função do tráfego que estes geravam.
A situação, de classificação em folhas de cálculo do Google, também gerava muita competição entre os jornalistas que ocupavam os primeiros lugares.
Assim, os salários base eram mais baixos em relação à generalidade das publicações, embora, os bónus prometessem que o vencimento seria superior. Porém, se os jornalistas não escrevessem clickbait, esses bónus eram difíceis de obter e, sem eles, ficavam em risco de desemprego.
As exigências das quatro regras impostas por Cooper também deixaram de fazer sentido, uma vez que o importante passou a ser que os jornalistas atingissem as marcas diárias de tráfego.
Todas as publicações têm apresentado dificuldades em obter lucros, contudo, muitos dos métodos adoptados para combater as dificuldades acabam por sabotar o objectivo de criar uma audiência constante e confiável.
Apesar da sua autoridade e do status, a publicação “redirecciona cada vez mais para o trabalho de outros, embalando-o como seu”, segundo Daniel Tovrov.
“Os repórteres e editores dizem-me que estão dispostos a fazer um bom trabalho; a questão é se a Newsweek está disposta, ou mesmo capaz, de encontrar um modelo de negócio que lhes permita fazer isso.”
Mais informação em Columbia Journalism Review.