Negócio da compra da TVI concentra receios nos debates em Congresso das Comunicações
No debate que reuniu os dirigentes dos principais grupos de comunicação em Portugal, o presidente executivo da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, declarou ver “com grande preocupação esta tentativa de convergência no sector, que pode ser muito nefasta”, afirmando ainda que “tem de haver concorrência leal na distribuição de conteúdos e no investimento publicitário”.
Segundo o Público, que aqui citamos, Rosa Cullell, administradora delegada da Media Capital, salientou que os grupos de media “vão ter de ser ajudados” pelo Governo e pelos reguladores:
“Temos de acabar com os blocos de publicidade de 12 minutos, os espectadores não querem mais isso, não querem ser interrompidos - explicou a responsável da Media Capital, notando que uma das apostas será fazer publicidade dentro dos programas.”
Por sua vez, Paulo Azevedo, presidente da Sonae, que divide o controlo da Nos com a empresária angolana Isabel dos Santos, esteve, antes do congresso, na ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, onde foi expor “os riscos que vê na operação de compra anunciada pela dona da PT”. À saída, declarou:
“Infelizmente, tive muitas vezes de lutar contra teias tecidas por ligações entre o poder económico, o poder político e o poder mediático, que não visavam o interesse público, e penso que esta operação configuraria uma situação que se prestaria muito a isso voltar a acontecer de uma forma bastante mais grave.”
“Estamos a falar em juntar a propriedade do maior grupo de comunicação social com o maior grupo de telecomunicações, e hoje os grupos de telecomunicações são o canal que está entre os consumidores e a comunicação social.” (…)
Carlos Magno, presidente da ERC – Entidade Reguladora dos Media, comparou o actual estado dos media, em Portugal, a “uma espécie de ensaio do Fellini com orquestra do Titanic: nenhum guionista sabe como terminar este filme".
“Este sector não está para treinadores de bancada. E há muitos. É preciso um pacto para salvar a paisagem audiovisual portuguesa e a democracia. Já não há prolongamento. O tempo esgotou-se. É o início de uma nova época.” (…)
“O regulador não está a proteger o público e os canais de televisão não estão a criar alternativas para uma situação que já se percebeu que está a chegar ao fim. Volto à ideia do pacto. É possível salvar isto” - se os media se aliarem em vez de se atacarem, concluiu.
Mais informação no Público, cuja imagem utilizamos, e no Jornal de Negócios