Desde 2012, os britânicos gastam, em média, menos 38 minutos por dia diante da televisão tradicional, o que significa uma queda de 15%. Este tempo foi todo transferido para os sites de vídeo online, com a Netflix e a Amazon Prime à cabeça. Doze milhões de lares já têm uma ou várias assinaturas. 

Pelo lado da ITV, os resultados do primeiro semestre, agora conhecidos, acusam as consequências desta mudança de hábitos dos telespectadores. O volume de negócios caíu 7%, para os 1,5 mil milhões de libras, sobretudo por causa da baixa da publicidade, enquanto o lucro líquido recuava 14%, para os 247 milhões de libras. E isto apesar de ser um bom ano em termos de audiências. 

Segundo Le Monde, que aqui citamos, este “lançamento tardio” revela “as dificuldades da televisão tradicional perante os novos gigantes da Internet”. 

“A mesma ideia já tinha sido sugerida há dez anos, mas a comissão britânica sobre a concorrência tinha impedido, receando uma posição dominante demasiado forte.”  (...) 

Segundo The Guardian, “apesar de se tratar de uma joint venture, a BritBox vai essencialmente ser controlada pela ITV, cuja administração actual vai dirigir o serviço e detém 90% da empresa”: 

“A BBC não investe no serviço mas fica com 10% das acções, e vai tratá-lo como o seu serviço de streaming comercial prioritário, mandando a maior parte da sua programação própria para a BritBox, além de emprestar a sua marca e fornecer apoio de marketing.” 

The Guardian recorda também o ocorrido em 2008, quando se falou do Project Kangaroo, que faria a pool de conteúdos das maiores estações de televisão do Reino Unido, mas “a comissão da concorrência bloqueou o plano, com o argumento de que tornaria as emissoras existentes demasiado dominantes no mercado do vídeo online”: 

“Esta decisão é vista, no meio da indústria de TV britânica, como o ‘pecado original’ que consentiu que empresas dos Estados Unidos, como a Netflix, dominassem o mercado do streaming, deixando as empresas a britânicas a jogar à apanhada.”



Mais informação em Le Monde  e em The Guardian